GranatumCast | Temporada 2

Código Granatum | Temporada 1

Código Granatum | Temporada 1

#14

Mais que especialistas

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Temas Relacionados ao Episódio

Temas Relacionados ao Episódio

  • Profissional em “T” na prática

    Profundidade + trânsito lateral entre áreas para investigar problemas e construir soluções end-to-end.

  • Cultura que nasce do fazer

    Menos hierarquia inflada, mais autonomia e responsabilidade compartilhada por resolver problemas de clientes.

  • Automação do repetitivo

    “Profissional preguiçoso e inteligente”: eliminar tarefas manuais, padronizar processos e ganhar tempo para o que importa.

  • IA como alavanca (não atalho)

    Conectar conhecimento de negócio com ferramentas de IA para investigar melhor e criar valor mais rápido.

  • Do artesanal ao pós-especialização

    Por que o modelo puramente “I” (hiperespecializado) limita a resposta a problemas complexos.

Transcrição do Episódio

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum. Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado, do time de sucesso do cliente e aqui comigo, Flávio Logullo um dos cofundadores do Granatum e o Maurício Matsuda, nosso CTO.

Quem acompanha os nossos episódios já ouviu falar sobre o Maurício e, depois de tantas menções, a gente achou importante trazer ele aqui pra dar sua própria perspectiva e contar algumas histórias.

Ele é um dos exemplos do que a gente chama de profissional T, pessoas que têm especialidade muito forte em uma área, mas que também transitam por outras conectando ali diferentes conhecimentos.

E olha essa dupla que a gente tem aqui. O Floz e o Mau são dois desenvolvedores. Um que ainda vive o dia a dia nos códigos, mas que buscou conhecimento em gestão financeira para poder entender cada vez mais do universo do produto em que ele trabalha. E o outro que se aventurou em empreender e hoje é sócio de um grupo de quatro empresas, e às vezes ainda se arrisca com alguns códigos também.

Ser esse profissional T exige da pessoa sair da zona de conforto, ampliar os seus horizontes e acaba também guiando ali a cultura da empresa.

Floz e Mau, como vocês veem que esse movimento impactou não só o trabalho individual de vocês, mas também como todo time colabora e quais são os principais desafios por trás disso?

Flávio Logullo

É muito interessante como a nossa história leva a gente para um lugar em que hoje, se a gente não tivesse essa mentalidade na nossa cultura, a gente não tivesse instaurado isso, enraizado isso, que vem de nós sócios mesmo, a gente teria um pouco mais de dificuldade. O momento atual ele remete ao que a gente era na essência humana mesmo. Então essa história de especialização, parte de um lugar, o Matheus falou um pouco sobre isso no episódio anterior, parte de um lugar onde a gente tinha um contexto de revolução industrial, a gente tá falando do século dezenove ali, século dezenove, século dezessete, século dezoito, século dezenove, onde a eficiência via repetição é o que importava muito. E a gente tá num contexto que, hoje essa especialização ela importa pouco, porque a gente consegue com as ferramentas atuais executar e ter essa repetição executada por processos ou por ferramentas que facilitam isso.

E o Maurício, ele foi citado várias vezes exatamente por esse motivo. Aqui no Granatum, o Maurício é o cara que fica muito ligado no que tá acontecendo em todos os times. Ele vê um processo sendo repetido, mais de uma vez, então é normal a gente repetir, mas ele já fica muito atento aquilo ali.

Então essa história da gente voltar às origens ou ter esse perfil, que foi cunhado, com perfil tipo T, numa história recente, década de noventa ali, então a gente tinha as consultorias, McKinsey, que obrigatoriamente precisava de profissionais que fossem capazes de entrar numa empresa e identificar o que que tá acontecendo em 360 graus, por uma empresa que a gente admira muito que a IDEO, que, assim, foi nossa referência de design durante muito tempo, que cunhou esse tema de profissional T.

Mas se a gente buscar a essência na história humana, quando a gente, antes da revolução industrial, a gente tinha o trabalho totalmente artesanal, ali onde todas as competências estavam dentro da mesma pessoa. Então a pessoa era, ela tinha aquele papel de produzir, de conversar com as pessoas, vender o seu produto. E isso foi se transformando à medida que a gente começou a buscar a escala industrial de distribuição de valor.

E aí a gente chega no pós revolução industrial, ali nesse lugar de especialização, que funcionou durante um tempo, mas que hoje, se não, se a gente não tivesse criado o nosso negócio aqui com essa, com esse viés multidisciplinar, a gente muito provavelmente não estaria aqui hoje.

Porque quando a gente briga nesse lugar onde a gente tem especialização, a gente tá obrigatoriamente pensando numa hierarquia inflada, num negócio gigante, onde a gente escala em número de pessoas. Então, se eu tenho uma pessoa especializada em marketing, eu vou ter, se eu quiser mais marketing eu vou ter que ter duas pessoas especializadas em marketing. Se eu quiser desenvolvimento em uma linguagem específica, falando aqui do nosso contexto, eu vou precisar de mais gente especializada nesse lugar.

E quando a gente se liberta disso, a gente consegue promover o próprio desenvolvimento. E isso está muito relacionado com a capacidade que a gente tem de executar, que dá essa mobilidade que eu falo, a mobilidade lateral, de olhar pra o problema na sua causa raiz, na sua essência e realmente tentar resolver.

Então é como se a gente desbloqueasse, tirasse uma amarra cerebral que a gente tem e desse propósito ao trabalho que a gente quer fazer. Dentro do negócio todos os indivíduos estão aqui para resolver problemas. E não é resolver um tipo de problema. Essa história de, ah não o problema é da Mari, CS é com a Mari, não funciona, nunca funcionou dentro do Granatum e hoje é ainda mais evidente que não funciona.

A gente precisa transitar lateralmente, a gente precisa ser capaz dessa movimentação para conectar saberes e criar soluções. E nisso daí o Maurício é profissional aqui.

Maurício Matsuda

É, eu acho que antes de mais nada né, falar um pouco sobre mim. Sou formado em ciência da computação. É curioso, que quando eu fui escolher o curso, eu nunca tinha programado, não tinha noção nenhuma do que era a programação, fui mais pelo lado de eu gostar muito de exatas e gostar de computador. E aí eu não tinha noção nenhuma do que que ia aprender, a essência da computação, mas parecia um curso bem legal. E já na primeira experiência, assim que eu tive profissional com programação, eu vi que era uma coisa que me atraiu muito, foi tipo amor à primeira vista, assim de falar, eu quero seguir essa carreira de programador, quero escrever código, gostei de escrever código gostei de trabalhar com isso. E aí na primeira empresa que eu trabalhei com isso, era uma fábrica de software, então tinham vários papéis, várias hierarquias, e lá a gente tinha a opção de escolher ou você é um desenvolvedor ou você pode seguir a carreira de analista, alguma coisa assim. E eu falei: eu quero ser desenvolvedor. E é curioso que nessa época eu pensava muito assim, ah eu vou ser desenvolvedor, quero sentar no meu computador, ficar aqui no meu cantinho e só programar, sem ter muita interação com as pessoas, me preocupar muito em conversar com cliente, entender das coisas, eu quero que chegue a demanda pra mim, eu faça o que tem que fazer aqui, programe e entregue o meu serviço.

Quando eu entrei na WebGoal, eu entrei praticamente desde o começo da WebGoal, então tô lá desde 2008 e na WebGoal a gente começou a utilizar métodos ágeis. Então a gente estava numa forma diferente de trabalho. E aí a gente percebeu que era diferente, a gente ia ter que conversar mais com o cliente, ia ter que ajudar mais o cliente a entender os problemas, entender o que que ele realmente tava com dificuldade, pra gente tentar ajudar ele a propor a melhor solução. Então comecei a perceber que o programador que eu imaginava que era antes, que era aquele que sentava no computador e recebia demanda e fazia, codificava e entregava o produto, não era mais assim, que a gente precisava se envolver mais, precisava tá do lado do cliente, ir lá junto, entender a dificuldade do cliente, para unir o nosso conhecimento técnico do que é possível ou não é possível, fazer com a programação, com o conhecimento de negócio que o cliente tem, e assim a gente construir a melhor solução.

Foram vários anos de experiência desenvolvendo os sistemas na WebGoal. E aí quando eu entrei no Granatum, pra trabalhar mesmo como desenvolvedor do Granatum, também tive essa mesma dificuldade de realmente entender o contexto, entender mais sobre gestão financeira. E é um universo imenso, que tem muita literatura, já tem muita coisa produzida, tem muitas definições, muitas vezes é um conteúdo denso, chato, muita gente tem medo, mas era bem desafiador.

Então foi nessa necessidade que eu fui buscar uma especialização. Fiz um MBA em gestão financeira para realmente conseguir entender melhor como é esse mundo. E até mesmo nas conversas que tem com os clientes, a gente consegue trocar melhor.

E aí hoje, então eu tenho esse perfil de, ainda continuo programando, até os clientes se verem, tipo cliente vai receber um e mail meu falando, ah resolvi o problema seu aqui, ou ah preciso conversar com você, que eu quero entender o que que tá acontecendo, porque que tá acontecendo tal coisa, ou porque que você precisa dessa funcionalidade. Então uma coisa que hoje pra mim, tipo não existe a programação, ou melhor, não existe fazer um programa bem feito, sem ter essa interação de perto com o cliente ou sem entender a parte de negócio, senão a gente vai só escrever código.

E eu acho que nesses anos todos trabalhando com programação, acho que uma coisa que eu percebi, é que mais do que passar o dia todo escrevendo código, a gente parar pra pensar, analisar e ver qual que é o código mais importante a ser escrito naquele momento. Então, às vezes, eu passo o dia todo sem escrever nenhum código, mas porque eu tô tentando desenhar, entender a solução antes de escrever qualquer linha de código, para tentar chegar na melhor solução possível.

Flávio Logullo

E pra gente isso é fundamental, porque a gente atende milhares de empresas e são muitos contextos diferentes. Então pra gente começar a criar a solução que seja de fato relevante para os nossos clientes, esse processo de investigação, tem que acontecer esse envolvimento. E eu acho que até assim, essa revolução que a gente tá passando, nesse momento aqui, principalmente na nossa indústria, eu tenho falado muito sobre isso, e tem muita gente falando sobre isso, com as transformações, com as IAs, essa revolução que a gente tá passando na nossa indústria, faz com que a gente tenha que ser muito bom nessa conexão de saberes, pra fazer esse tipo de processo de investigação, para criar algo de fato relevante pro mercado, pra que os negócios sejam de fato vivos e que eles continuem e perdurem.

Uma coisa que foi muito significante na na nossa história aqui do Granatum, e eu acho que passa por esse lugar onde o Maurício tava falando, pô eu preciso estudar sobre, sobre MBA, vem de novo desse processo de formação interna que a gente teve sobre entender, a investigar problemas e causa raiz de de problema. E quando você se depara de frente com o problema, se você é um profissional altamente especializado numa coisa e limitado nesse lugar, assim da especialização, você vai investigar o problema de um cliente, você não consegue sair do lugar, você só vai ter um pedacinho ali pra pensar em soluções. Isso é muito ruim pra nós.

Eu acho que no contexto do Granatum, onde você paga uma mensalidade pra gente, sem contrato de fidelidade, se você quiser, você paga uma mensalidade e você precisa ser convencido o tempo inteiro de que o valor está sendo entregue pra você, então pra esse nosso contexto que é o nosso negócio, tem essa natureza, ou seja, a gente nasceu com essa necessidade de entregar valor de verdade, isso passa a ser crucial.

E a gente entendeu rápido, ainda bem, que é ter esse tipo de perfil que se desloca lateralmente, que não fica limitado ao seu domínio de saber. Essa necessidade, vindo desse lugar torna as coisas aqui muito mais naturais.

Então torna, inclusive, quando a gente vai procurar alguém pra contratar, os aspectos técnicos são importantes. Então, se a gente vai contratar um profissional desenvolvedor, uma pessoa desenvolvedora, óbvio que a gente quer saber se essa pessoa sabe sobre lógica de programação, quais as linguagens que domina, quais são os aspectos técnicos dessa pessoa, mas mais do que isso a gente tenta, no pequeno período ali de investigação, porque esse processo de contratação de uma pessoa, você tá investigando se tem a ver, se se rola o fit entre a pessoa e a nossa empresa. O que a gente busca muito com as perguntas que a gente faz, com as rodadas que a gente faz, é de entender se essa pessoa é capaz ou tem disposição de se movimentar lateralmente, porque aqui dentro do Granatum isso é quase que mandatório.

A gente tá nesse lugar hoje, onde essa revolução das IAs, torna o profissional tipo T, vamos usar essa terminologia para facilitar, é essencial, porque essa conexão entre saberes é o que faz, vai fazer a diferença de fato. Por que vai ser muito, cada vez mais fácil você criar soluções, vai ser cada vez mais fácil você ter soluções já criadas para você conectar nos seus processos de entrega de valor e saber quais são as ferramentas, ou quais as entregas que você precisa conectar, é o grande diferencial. E isso está relacionado com não ter essa cabeça do profissional tipo I, super especializado em uma única coisa.

Essa movimentação lateral é muito necessária. E eu digo, até que tem uma relação muito profunda com o propósito. Invariavelmente a gente vê infinitas histórias de pessoas que enriquecem. Nossa eu tenho um super emprego, ganhei um super salário, tenho uma super casa, num super lugar, mas sou infeliz. Isso é comum de ver. A gente tem histórias de pessoas que são bilionárias, que falam assim, olha se eu pudesse dar uma dica viva, curta sua família, aproveite, porque chega um momento em que você realmente começa a questionar o propósito do que você tá fazendo. E se você não fizer com propósito e de propósito as coisas que você faz hoje, não faz sentido, você vai concluir que não faz sentido. Venho do futuro para trazer essa mensagem pra vocês hoje, de que não faz sentido.

Então, é obedecer a natureza do ser humano, você se deslocar, você dialogar, você buscar outros contextos, outras histórias para você conseguir ser humano nesse processo, que é trabalhar e oferecer valor para alguém.

Maurício Matsuda

E eu acho que quando a gente fala de profissional T, a gente não tá falando só de profissionais desenvolvedores, acho que a gente pega todas as áreas. Então aqui no Granatum todo mundo tem liberdade e pode transitar e pode contribuir em todas as áreas. Então acho que isso é um ganho muito grande que a gente percebe de todo mundo, que todo mundo cresce junto, todo mundo compartilha, todo mundo aprende junto, não tem um receio, ah mas eu tô invadindo o espaço da outra pessoa. Aqui a gente tem, por exemplo, a pessoa do comercial faz o teste lá do que o desenvolvedor acabou de subir pra ver se tá tudo ok, se tá, tem algum bug, tem algum problema no código e tal. Então essa contribuição que acontece entre as pessoas, essa colaboração ajuda todo mundo, ajuda o desenvolvedor, que vai interagir mais com as outras áreas, ajuda essas outras áreas, que também vão conhecer um pouco mais da ferramenta, um pouco mais do que foi feito. Isso se torna um processo natural porque tá todo mundo envolvido, não tem aquele sentimento, ah não a minha parte tá entregue, eu subi o sistema aqui e tá lá no ar, agora é com suporte, agora é com o CS e eles que se virem lá com cliente. Então é uma conexão muito grande que gera entre as pessoas e aí eu acho que isso é também um ponto que fez com que a gente conseguisse crescer de forma enxuta. Então, a gente conseguiu abraçar mais, fazer mais coisas, entregar mais valor com menos gente. E aí eu acho que essa contribuição de todo mundo ajuda também a gente a evoluir mais, a otimizar os processos.

O Floz comentou sobre a IA, sobre a otimização no começo, esse lance da revolução, e aí uma coisa que eu sempre busquei muito no Granatum, que também já foi citado, é a questão de automação. Então eu até, a gente até fala assim, ah o melhor profissional é aquele profissional preguiçoso e inteligente. Que é aquele profissional que ele busca uma eficiência no que ele está fazendo, ele busca automatizar os processos que ele está fazendo para não executar atividade repetitiva. E aí isso, unindo o conhecimento que a pessoa tem na área. Então, sei lá, se a gente pega alguém do suporte, alguém do comercial, que faz um processo diário lá pra fazer as atividades e ela traz esse conhecimento junto com alguém técnico, alguém um desenvolvedor, a gente consegue criar uma solução, consegue automatizar, consegue facilitar o dia a dia dela com alguma coisa muito simples, mas que precisou dessa conexão entre essas duas áreas. Então é um ganho muito grande que a gente tem quando as áreas se conectam e trabalham juntas. E aí agora com a IA isso potencializou mais ainda, porque a gente pode ter um profissional técnico que vai trabalhar junto com a IA, alguém de negócio que tem um domínio maior sobre alguma situação, e aí junta IA, e essas duas pessoas e consegue construir algo muito bom em pouco tempo.

Mariana Prado

Muito legal ouvir vocês falando. Obrigada por compartilharem essas experiências aqui com a gente. O que a gente percebe é que a gente não tá falando sobre acumular habilidades ou ser bom em todas as coisas que a gente faz, mas é sobre conseguir ter um olhar que vai conectar os pontos, que vai dialogar com as diferentes áreas, que vai enxergar soluções que vão além da própria especialidade que a gente tem. E isso pode acontecer realmente com qualquer tipo de profissional, com qualquer formação, em qualquer espaço.

E a gente vê isso acontecendo o tempo todo aqui no Granatum. Então esse olhar multidisciplinar, ele vai mudar a forma como a gente pensa o produto, como a gente trabalha em equipe e, principalmente, como a gente se relaciona com os nossos clientes, porque a gente vai tá sempre buscando a melhor resposta, e, no fim, é isso que mantém o Granatum sempre atento às mudanças e também sempre fiel a sua essência.

E aí se você acredita que o futuro da tecnologia passa por pessoas capazes de cruzar fronteiras de conhecimento e de conectar áreas diferentes, compartilhe esse episódio com quem vai gostar dessa conversa.

Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir e até a próxima semana.

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum. Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado, do time de sucesso do cliente e aqui comigo, Flávio Logullo um dos cofundadores do Granatum e o Maurício Matsuda, nosso CTO.

Quem acompanha os nossos episódios já ouviu falar sobre o Maurício e, depois de tantas menções, a gente achou importante trazer ele aqui pra dar sua própria perspectiva e contar algumas histórias.

Ele é um dos exemplos do que a gente chama de profissional T, pessoas que têm especialidade muito forte em uma área, mas que também transitam por outras conectando ali diferentes conhecimentos.

E olha essa dupla que a gente tem aqui. O Floz e o Mau são dois desenvolvedores. Um que ainda vive o dia a dia nos códigos, mas que buscou conhecimento em gestão financeira para poder entender cada vez mais do universo do produto em que ele trabalha. E o outro que se aventurou em empreender e hoje é sócio de um grupo de quatro empresas, e às vezes ainda se arrisca com alguns códigos também.

Ser esse profissional T exige da pessoa sair da zona de conforto, ampliar os seus horizontes e acaba também guiando ali a cultura da empresa.

Floz e Mau, como vocês veem que esse movimento impactou não só o trabalho individual de vocês, mas também como todo time colabora e quais são os principais desafios por trás disso?

Flávio Logullo

É muito interessante como a nossa história leva a gente para um lugar em que hoje, se a gente não tivesse essa mentalidade na nossa cultura, a gente não tivesse instaurado isso, enraizado isso, que vem de nós sócios mesmo, a gente teria um pouco mais de dificuldade. O momento atual ele remete ao que a gente era na essência humana mesmo. Então essa história de especialização, parte de um lugar, o Matheus falou um pouco sobre isso no episódio anterior, parte de um lugar onde a gente tinha um contexto de revolução industrial, a gente tá falando do século dezenove ali, século dezenove, século dezessete, século dezoito, século dezenove, onde a eficiência via repetição é o que importava muito. E a gente tá num contexto que, hoje essa especialização ela importa pouco, porque a gente consegue com as ferramentas atuais executar e ter essa repetição executada por processos ou por ferramentas que facilitam isso.

E o Maurício, ele foi citado várias vezes exatamente por esse motivo. Aqui no Granatum, o Maurício é o cara que fica muito ligado no que tá acontecendo em todos os times. Ele vê um processo sendo repetido, mais de uma vez, então é normal a gente repetir, mas ele já fica muito atento aquilo ali.

Então essa história da gente voltar às origens ou ter esse perfil, que foi cunhado, com perfil tipo T, numa história recente, década de noventa ali, então a gente tinha as consultorias, McKinsey, que obrigatoriamente precisava de profissionais que fossem capazes de entrar numa empresa e identificar o que que tá acontecendo em 360 graus, por uma empresa que a gente admira muito que a IDEO, que, assim, foi nossa referência de design durante muito tempo, que cunhou esse tema de profissional T.

Mas se a gente buscar a essência na história humana, quando a gente, antes da revolução industrial, a gente tinha o trabalho totalmente artesanal, ali onde todas as competências estavam dentro da mesma pessoa. Então a pessoa era, ela tinha aquele papel de produzir, de conversar com as pessoas, vender o seu produto. E isso foi se transformando à medida que a gente começou a buscar a escala industrial de distribuição de valor.

E aí a gente chega no pós revolução industrial, ali nesse lugar de especialização, que funcionou durante um tempo, mas que hoje, se não, se a gente não tivesse criado o nosso negócio aqui com essa, com esse viés multidisciplinar, a gente muito provavelmente não estaria aqui hoje.

Porque quando a gente briga nesse lugar onde a gente tem especialização, a gente tá obrigatoriamente pensando numa hierarquia inflada, num negócio gigante, onde a gente escala em número de pessoas. Então, se eu tenho uma pessoa especializada em marketing, eu vou ter, se eu quiser mais marketing eu vou ter que ter duas pessoas especializadas em marketing. Se eu quiser desenvolvimento em uma linguagem específica, falando aqui do nosso contexto, eu vou precisar de mais gente especializada nesse lugar.

E quando a gente se liberta disso, a gente consegue promover o próprio desenvolvimento. E isso está muito relacionado com a capacidade que a gente tem de executar, que dá essa mobilidade que eu falo, a mobilidade lateral, de olhar pra o problema na sua causa raiz, na sua essência e realmente tentar resolver.

Então é como se a gente desbloqueasse, tirasse uma amarra cerebral que a gente tem e desse propósito ao trabalho que a gente quer fazer. Dentro do negócio todos os indivíduos estão aqui para resolver problemas. E não é resolver um tipo de problema. Essa história de, ah não o problema é da Mari, CS é com a Mari, não funciona, nunca funcionou dentro do Granatum e hoje é ainda mais evidente que não funciona.

A gente precisa transitar lateralmente, a gente precisa ser capaz dessa movimentação para conectar saberes e criar soluções. E nisso daí o Maurício é profissional aqui.

Maurício Matsuda

É, eu acho que antes de mais nada né, falar um pouco sobre mim. Sou formado em ciência da computação. É curioso, que quando eu fui escolher o curso, eu nunca tinha programado, não tinha noção nenhuma do que era a programação, fui mais pelo lado de eu gostar muito de exatas e gostar de computador. E aí eu não tinha noção nenhuma do que que ia aprender, a essência da computação, mas parecia um curso bem legal. E já na primeira experiência, assim que eu tive profissional com programação, eu vi que era uma coisa que me atraiu muito, foi tipo amor à primeira vista, assim de falar, eu quero seguir essa carreira de programador, quero escrever código, gostei de escrever código gostei de trabalhar com isso. E aí na primeira empresa que eu trabalhei com isso, era uma fábrica de software, então tinham vários papéis, várias hierarquias, e lá a gente tinha a opção de escolher ou você é um desenvolvedor ou você pode seguir a carreira de analista, alguma coisa assim. E eu falei: eu quero ser desenvolvedor. E é curioso que nessa época eu pensava muito assim, ah eu vou ser desenvolvedor, quero sentar no meu computador, ficar aqui no meu cantinho e só programar, sem ter muita interação com as pessoas, me preocupar muito em conversar com cliente, entender das coisas, eu quero que chegue a demanda pra mim, eu faça o que tem que fazer aqui, programe e entregue o meu serviço.

Quando eu entrei na WebGoal, eu entrei praticamente desde o começo da WebGoal, então tô lá desde 2008 e na WebGoal a gente começou a utilizar métodos ágeis. Então a gente estava numa forma diferente de trabalho. E aí a gente percebeu que era diferente, a gente ia ter que conversar mais com o cliente, ia ter que ajudar mais o cliente a entender os problemas, entender o que que ele realmente tava com dificuldade, pra gente tentar ajudar ele a propor a melhor solução. Então comecei a perceber que o programador que eu imaginava que era antes, que era aquele que sentava no computador e recebia demanda e fazia, codificava e entregava o produto, não era mais assim, que a gente precisava se envolver mais, precisava tá do lado do cliente, ir lá junto, entender a dificuldade do cliente, para unir o nosso conhecimento técnico do que é possível ou não é possível, fazer com a programação, com o conhecimento de negócio que o cliente tem, e assim a gente construir a melhor solução.

Foram vários anos de experiência desenvolvendo os sistemas na WebGoal. E aí quando eu entrei no Granatum, pra trabalhar mesmo como desenvolvedor do Granatum, também tive essa mesma dificuldade de realmente entender o contexto, entender mais sobre gestão financeira. E é um universo imenso, que tem muita literatura, já tem muita coisa produzida, tem muitas definições, muitas vezes é um conteúdo denso, chato, muita gente tem medo, mas era bem desafiador.

Então foi nessa necessidade que eu fui buscar uma especialização. Fiz um MBA em gestão financeira para realmente conseguir entender melhor como é esse mundo. E até mesmo nas conversas que tem com os clientes, a gente consegue trocar melhor.

E aí hoje, então eu tenho esse perfil de, ainda continuo programando, até os clientes se verem, tipo cliente vai receber um e mail meu falando, ah resolvi o problema seu aqui, ou ah preciso conversar com você, que eu quero entender o que que tá acontecendo, porque que tá acontecendo tal coisa, ou porque que você precisa dessa funcionalidade. Então uma coisa que hoje pra mim, tipo não existe a programação, ou melhor, não existe fazer um programa bem feito, sem ter essa interação de perto com o cliente ou sem entender a parte de negócio, senão a gente vai só escrever código.

E eu acho que nesses anos todos trabalhando com programação, acho que uma coisa que eu percebi, é que mais do que passar o dia todo escrevendo código, a gente parar pra pensar, analisar e ver qual que é o código mais importante a ser escrito naquele momento. Então, às vezes, eu passo o dia todo sem escrever nenhum código, mas porque eu tô tentando desenhar, entender a solução antes de escrever qualquer linha de código, para tentar chegar na melhor solução possível.

Flávio Logullo

E pra gente isso é fundamental, porque a gente atende milhares de empresas e são muitos contextos diferentes. Então pra gente começar a criar a solução que seja de fato relevante para os nossos clientes, esse processo de investigação, tem que acontecer esse envolvimento. E eu acho que até assim, essa revolução que a gente tá passando, nesse momento aqui, principalmente na nossa indústria, eu tenho falado muito sobre isso, e tem muita gente falando sobre isso, com as transformações, com as IAs, essa revolução que a gente tá passando na nossa indústria, faz com que a gente tenha que ser muito bom nessa conexão de saberes, pra fazer esse tipo de processo de investigação, para criar algo de fato relevante pro mercado, pra que os negócios sejam de fato vivos e que eles continuem e perdurem.

Uma coisa que foi muito significante na na nossa história aqui do Granatum, e eu acho que passa por esse lugar onde o Maurício tava falando, pô eu preciso estudar sobre, sobre MBA, vem de novo desse processo de formação interna que a gente teve sobre entender, a investigar problemas e causa raiz de de problema. E quando você se depara de frente com o problema, se você é um profissional altamente especializado numa coisa e limitado nesse lugar, assim da especialização, você vai investigar o problema de um cliente, você não consegue sair do lugar, você só vai ter um pedacinho ali pra pensar em soluções. Isso é muito ruim pra nós.

Eu acho que no contexto do Granatum, onde você paga uma mensalidade pra gente, sem contrato de fidelidade, se você quiser, você paga uma mensalidade e você precisa ser convencido o tempo inteiro de que o valor está sendo entregue pra você, então pra esse nosso contexto que é o nosso negócio, tem essa natureza, ou seja, a gente nasceu com essa necessidade de entregar valor de verdade, isso passa a ser crucial.

E a gente entendeu rápido, ainda bem, que é ter esse tipo de perfil que se desloca lateralmente, que não fica limitado ao seu domínio de saber. Essa necessidade, vindo desse lugar torna as coisas aqui muito mais naturais.

Então torna, inclusive, quando a gente vai procurar alguém pra contratar, os aspectos técnicos são importantes. Então, se a gente vai contratar um profissional desenvolvedor, uma pessoa desenvolvedora, óbvio que a gente quer saber se essa pessoa sabe sobre lógica de programação, quais as linguagens que domina, quais são os aspectos técnicos dessa pessoa, mas mais do que isso a gente tenta, no pequeno período ali de investigação, porque esse processo de contratação de uma pessoa, você tá investigando se tem a ver, se se rola o fit entre a pessoa e a nossa empresa. O que a gente busca muito com as perguntas que a gente faz, com as rodadas que a gente faz, é de entender se essa pessoa é capaz ou tem disposição de se movimentar lateralmente, porque aqui dentro do Granatum isso é quase que mandatório.

A gente tá nesse lugar hoje, onde essa revolução das IAs, torna o profissional tipo T, vamos usar essa terminologia para facilitar, é essencial, porque essa conexão entre saberes é o que faz, vai fazer a diferença de fato. Por que vai ser muito, cada vez mais fácil você criar soluções, vai ser cada vez mais fácil você ter soluções já criadas para você conectar nos seus processos de entrega de valor e saber quais são as ferramentas, ou quais as entregas que você precisa conectar, é o grande diferencial. E isso está relacionado com não ter essa cabeça do profissional tipo I, super especializado em uma única coisa.

Essa movimentação lateral é muito necessária. E eu digo, até que tem uma relação muito profunda com o propósito. Invariavelmente a gente vê infinitas histórias de pessoas que enriquecem. Nossa eu tenho um super emprego, ganhei um super salário, tenho uma super casa, num super lugar, mas sou infeliz. Isso é comum de ver. A gente tem histórias de pessoas que são bilionárias, que falam assim, olha se eu pudesse dar uma dica viva, curta sua família, aproveite, porque chega um momento em que você realmente começa a questionar o propósito do que você tá fazendo. E se você não fizer com propósito e de propósito as coisas que você faz hoje, não faz sentido, você vai concluir que não faz sentido. Venho do futuro para trazer essa mensagem pra vocês hoje, de que não faz sentido.

Então, é obedecer a natureza do ser humano, você se deslocar, você dialogar, você buscar outros contextos, outras histórias para você conseguir ser humano nesse processo, que é trabalhar e oferecer valor para alguém.

Maurício Matsuda

E eu acho que quando a gente fala de profissional T, a gente não tá falando só de profissionais desenvolvedores, acho que a gente pega todas as áreas. Então aqui no Granatum todo mundo tem liberdade e pode transitar e pode contribuir em todas as áreas. Então acho que isso é um ganho muito grande que a gente percebe de todo mundo, que todo mundo cresce junto, todo mundo compartilha, todo mundo aprende junto, não tem um receio, ah mas eu tô invadindo o espaço da outra pessoa. Aqui a gente tem, por exemplo, a pessoa do comercial faz o teste lá do que o desenvolvedor acabou de subir pra ver se tá tudo ok, se tá, tem algum bug, tem algum problema no código e tal. Então essa contribuição que acontece entre as pessoas, essa colaboração ajuda todo mundo, ajuda o desenvolvedor, que vai interagir mais com as outras áreas, ajuda essas outras áreas, que também vão conhecer um pouco mais da ferramenta, um pouco mais do que foi feito. Isso se torna um processo natural porque tá todo mundo envolvido, não tem aquele sentimento, ah não a minha parte tá entregue, eu subi o sistema aqui e tá lá no ar, agora é com suporte, agora é com o CS e eles que se virem lá com cliente. Então é uma conexão muito grande que gera entre as pessoas e aí eu acho que isso é também um ponto que fez com que a gente conseguisse crescer de forma enxuta. Então, a gente conseguiu abraçar mais, fazer mais coisas, entregar mais valor com menos gente. E aí eu acho que essa contribuição de todo mundo ajuda também a gente a evoluir mais, a otimizar os processos.

O Floz comentou sobre a IA, sobre a otimização no começo, esse lance da revolução, e aí uma coisa que eu sempre busquei muito no Granatum, que também já foi citado, é a questão de automação. Então eu até, a gente até fala assim, ah o melhor profissional é aquele profissional preguiçoso e inteligente. Que é aquele profissional que ele busca uma eficiência no que ele está fazendo, ele busca automatizar os processos que ele está fazendo para não executar atividade repetitiva. E aí isso, unindo o conhecimento que a pessoa tem na área. Então, sei lá, se a gente pega alguém do suporte, alguém do comercial, que faz um processo diário lá pra fazer as atividades e ela traz esse conhecimento junto com alguém técnico, alguém um desenvolvedor, a gente consegue criar uma solução, consegue automatizar, consegue facilitar o dia a dia dela com alguma coisa muito simples, mas que precisou dessa conexão entre essas duas áreas. Então é um ganho muito grande que a gente tem quando as áreas se conectam e trabalham juntas. E aí agora com a IA isso potencializou mais ainda, porque a gente pode ter um profissional técnico que vai trabalhar junto com a IA, alguém de negócio que tem um domínio maior sobre alguma situação, e aí junta IA, e essas duas pessoas e consegue construir algo muito bom em pouco tempo.

Mariana Prado

Muito legal ouvir vocês falando. Obrigada por compartilharem essas experiências aqui com a gente. O que a gente percebe é que a gente não tá falando sobre acumular habilidades ou ser bom em todas as coisas que a gente faz, mas é sobre conseguir ter um olhar que vai conectar os pontos, que vai dialogar com as diferentes áreas, que vai enxergar soluções que vão além da própria especialidade que a gente tem. E isso pode acontecer realmente com qualquer tipo de profissional, com qualquer formação, em qualquer espaço.

E a gente vê isso acontecendo o tempo todo aqui no Granatum. Então esse olhar multidisciplinar, ele vai mudar a forma como a gente pensa o produto, como a gente trabalha em equipe e, principalmente, como a gente se relaciona com os nossos clientes, porque a gente vai tá sempre buscando a melhor resposta, e, no fim, é isso que mantém o Granatum sempre atento às mudanças e também sempre fiel a sua essência.

E aí se você acredita que o futuro da tecnologia passa por pessoas capazes de cruzar fronteiras de conhecimento e de conectar áreas diferentes, compartilhe esse episódio com quem vai gostar dessa conversa.

Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir e até a próxima semana.

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum. Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado, do time de sucesso do cliente e aqui comigo, Flávio Logullo um dos cofundadores do Granatum e o Maurício Matsuda, nosso CTO.

Quem acompanha os nossos episódios já ouviu falar sobre o Maurício e, depois de tantas menções, a gente achou importante trazer ele aqui pra dar sua própria perspectiva e contar algumas histórias.

Ele é um dos exemplos do que a gente chama de profissional T, pessoas que têm especialidade muito forte em uma área, mas que também transitam por outras conectando ali diferentes conhecimentos.

E olha essa dupla que a gente tem aqui. O Floz e o Mau são dois desenvolvedores. Um que ainda vive o dia a dia nos códigos, mas que buscou conhecimento em gestão financeira para poder entender cada vez mais do universo do produto em que ele trabalha. E o outro que se aventurou em empreender e hoje é sócio de um grupo de quatro empresas, e às vezes ainda se arrisca com alguns códigos também.

Ser esse profissional T exige da pessoa sair da zona de conforto, ampliar os seus horizontes e acaba também guiando ali a cultura da empresa.

Floz e Mau, como vocês veem que esse movimento impactou não só o trabalho individual de vocês, mas também como todo time colabora e quais são os principais desafios por trás disso?

Flávio Logullo

É muito interessante como a nossa história leva a gente para um lugar em que hoje, se a gente não tivesse essa mentalidade na nossa cultura, a gente não tivesse instaurado isso, enraizado isso, que vem de nós sócios mesmo, a gente teria um pouco mais de dificuldade. O momento atual ele remete ao que a gente era na essência humana mesmo. Então essa história de especialização, parte de um lugar, o Matheus falou um pouco sobre isso no episódio anterior, parte de um lugar onde a gente tinha um contexto de revolução industrial, a gente tá falando do século dezenove ali, século dezenove, século dezessete, século dezoito, século dezenove, onde a eficiência via repetição é o que importava muito. E a gente tá num contexto que, hoje essa especialização ela importa pouco, porque a gente consegue com as ferramentas atuais executar e ter essa repetição executada por processos ou por ferramentas que facilitam isso.

E o Maurício, ele foi citado várias vezes exatamente por esse motivo. Aqui no Granatum, o Maurício é o cara que fica muito ligado no que tá acontecendo em todos os times. Ele vê um processo sendo repetido, mais de uma vez, então é normal a gente repetir, mas ele já fica muito atento aquilo ali.

Então essa história da gente voltar às origens ou ter esse perfil, que foi cunhado, com perfil tipo T, numa história recente, década de noventa ali, então a gente tinha as consultorias, McKinsey, que obrigatoriamente precisava de profissionais que fossem capazes de entrar numa empresa e identificar o que que tá acontecendo em 360 graus, por uma empresa que a gente admira muito que a IDEO, que, assim, foi nossa referência de design durante muito tempo, que cunhou esse tema de profissional T.

Mas se a gente buscar a essência na história humana, quando a gente, antes da revolução industrial, a gente tinha o trabalho totalmente artesanal, ali onde todas as competências estavam dentro da mesma pessoa. Então a pessoa era, ela tinha aquele papel de produzir, de conversar com as pessoas, vender o seu produto. E isso foi se transformando à medida que a gente começou a buscar a escala industrial de distribuição de valor.

E aí a gente chega no pós revolução industrial, ali nesse lugar de especialização, que funcionou durante um tempo, mas que hoje, se não, se a gente não tivesse criado o nosso negócio aqui com essa, com esse viés multidisciplinar, a gente muito provavelmente não estaria aqui hoje.

Porque quando a gente briga nesse lugar onde a gente tem especialização, a gente tá obrigatoriamente pensando numa hierarquia inflada, num negócio gigante, onde a gente escala em número de pessoas. Então, se eu tenho uma pessoa especializada em marketing, eu vou ter, se eu quiser mais marketing eu vou ter que ter duas pessoas especializadas em marketing. Se eu quiser desenvolvimento em uma linguagem específica, falando aqui do nosso contexto, eu vou precisar de mais gente especializada nesse lugar.

E quando a gente se liberta disso, a gente consegue promover o próprio desenvolvimento. E isso está muito relacionado com a capacidade que a gente tem de executar, que dá essa mobilidade que eu falo, a mobilidade lateral, de olhar pra o problema na sua causa raiz, na sua essência e realmente tentar resolver.

Então é como se a gente desbloqueasse, tirasse uma amarra cerebral que a gente tem e desse propósito ao trabalho que a gente quer fazer. Dentro do negócio todos os indivíduos estão aqui para resolver problemas. E não é resolver um tipo de problema. Essa história de, ah não o problema é da Mari, CS é com a Mari, não funciona, nunca funcionou dentro do Granatum e hoje é ainda mais evidente que não funciona.

A gente precisa transitar lateralmente, a gente precisa ser capaz dessa movimentação para conectar saberes e criar soluções. E nisso daí o Maurício é profissional aqui.

Maurício Matsuda

É, eu acho que antes de mais nada né, falar um pouco sobre mim. Sou formado em ciência da computação. É curioso, que quando eu fui escolher o curso, eu nunca tinha programado, não tinha noção nenhuma do que era a programação, fui mais pelo lado de eu gostar muito de exatas e gostar de computador. E aí eu não tinha noção nenhuma do que que ia aprender, a essência da computação, mas parecia um curso bem legal. E já na primeira experiência, assim que eu tive profissional com programação, eu vi que era uma coisa que me atraiu muito, foi tipo amor à primeira vista, assim de falar, eu quero seguir essa carreira de programador, quero escrever código, gostei de escrever código gostei de trabalhar com isso. E aí na primeira empresa que eu trabalhei com isso, era uma fábrica de software, então tinham vários papéis, várias hierarquias, e lá a gente tinha a opção de escolher ou você é um desenvolvedor ou você pode seguir a carreira de analista, alguma coisa assim. E eu falei: eu quero ser desenvolvedor. E é curioso que nessa época eu pensava muito assim, ah eu vou ser desenvolvedor, quero sentar no meu computador, ficar aqui no meu cantinho e só programar, sem ter muita interação com as pessoas, me preocupar muito em conversar com cliente, entender das coisas, eu quero que chegue a demanda pra mim, eu faça o que tem que fazer aqui, programe e entregue o meu serviço.

Quando eu entrei na WebGoal, eu entrei praticamente desde o começo da WebGoal, então tô lá desde 2008 e na WebGoal a gente começou a utilizar métodos ágeis. Então a gente estava numa forma diferente de trabalho. E aí a gente percebeu que era diferente, a gente ia ter que conversar mais com o cliente, ia ter que ajudar mais o cliente a entender os problemas, entender o que que ele realmente tava com dificuldade, pra gente tentar ajudar ele a propor a melhor solução. Então comecei a perceber que o programador que eu imaginava que era antes, que era aquele que sentava no computador e recebia demanda e fazia, codificava e entregava o produto, não era mais assim, que a gente precisava se envolver mais, precisava tá do lado do cliente, ir lá junto, entender a dificuldade do cliente, para unir o nosso conhecimento técnico do que é possível ou não é possível, fazer com a programação, com o conhecimento de negócio que o cliente tem, e assim a gente construir a melhor solução.

Foram vários anos de experiência desenvolvendo os sistemas na WebGoal. E aí quando eu entrei no Granatum, pra trabalhar mesmo como desenvolvedor do Granatum, também tive essa mesma dificuldade de realmente entender o contexto, entender mais sobre gestão financeira. E é um universo imenso, que tem muita literatura, já tem muita coisa produzida, tem muitas definições, muitas vezes é um conteúdo denso, chato, muita gente tem medo, mas era bem desafiador.

Então foi nessa necessidade que eu fui buscar uma especialização. Fiz um MBA em gestão financeira para realmente conseguir entender melhor como é esse mundo. E até mesmo nas conversas que tem com os clientes, a gente consegue trocar melhor.

E aí hoje, então eu tenho esse perfil de, ainda continuo programando, até os clientes se verem, tipo cliente vai receber um e mail meu falando, ah resolvi o problema seu aqui, ou ah preciso conversar com você, que eu quero entender o que que tá acontecendo, porque que tá acontecendo tal coisa, ou porque que você precisa dessa funcionalidade. Então uma coisa que hoje pra mim, tipo não existe a programação, ou melhor, não existe fazer um programa bem feito, sem ter essa interação de perto com o cliente ou sem entender a parte de negócio, senão a gente vai só escrever código.

E eu acho que nesses anos todos trabalhando com programação, acho que uma coisa que eu percebi, é que mais do que passar o dia todo escrevendo código, a gente parar pra pensar, analisar e ver qual que é o código mais importante a ser escrito naquele momento. Então, às vezes, eu passo o dia todo sem escrever nenhum código, mas porque eu tô tentando desenhar, entender a solução antes de escrever qualquer linha de código, para tentar chegar na melhor solução possível.

Flávio Logullo

E pra gente isso é fundamental, porque a gente atende milhares de empresas e são muitos contextos diferentes. Então pra gente começar a criar a solução que seja de fato relevante para os nossos clientes, esse processo de investigação, tem que acontecer esse envolvimento. E eu acho que até assim, essa revolução que a gente tá passando, nesse momento aqui, principalmente na nossa indústria, eu tenho falado muito sobre isso, e tem muita gente falando sobre isso, com as transformações, com as IAs, essa revolução que a gente tá passando na nossa indústria, faz com que a gente tenha que ser muito bom nessa conexão de saberes, pra fazer esse tipo de processo de investigação, para criar algo de fato relevante pro mercado, pra que os negócios sejam de fato vivos e que eles continuem e perdurem.

Uma coisa que foi muito significante na na nossa história aqui do Granatum, e eu acho que passa por esse lugar onde o Maurício tava falando, pô eu preciso estudar sobre, sobre MBA, vem de novo desse processo de formação interna que a gente teve sobre entender, a investigar problemas e causa raiz de de problema. E quando você se depara de frente com o problema, se você é um profissional altamente especializado numa coisa e limitado nesse lugar, assim da especialização, você vai investigar o problema de um cliente, você não consegue sair do lugar, você só vai ter um pedacinho ali pra pensar em soluções. Isso é muito ruim pra nós.

Eu acho que no contexto do Granatum, onde você paga uma mensalidade pra gente, sem contrato de fidelidade, se você quiser, você paga uma mensalidade e você precisa ser convencido o tempo inteiro de que o valor está sendo entregue pra você, então pra esse nosso contexto que é o nosso negócio, tem essa natureza, ou seja, a gente nasceu com essa necessidade de entregar valor de verdade, isso passa a ser crucial.

E a gente entendeu rápido, ainda bem, que é ter esse tipo de perfil que se desloca lateralmente, que não fica limitado ao seu domínio de saber. Essa necessidade, vindo desse lugar torna as coisas aqui muito mais naturais.

Então torna, inclusive, quando a gente vai procurar alguém pra contratar, os aspectos técnicos são importantes. Então, se a gente vai contratar um profissional desenvolvedor, uma pessoa desenvolvedora, óbvio que a gente quer saber se essa pessoa sabe sobre lógica de programação, quais as linguagens que domina, quais são os aspectos técnicos dessa pessoa, mas mais do que isso a gente tenta, no pequeno período ali de investigação, porque esse processo de contratação de uma pessoa, você tá investigando se tem a ver, se se rola o fit entre a pessoa e a nossa empresa. O que a gente busca muito com as perguntas que a gente faz, com as rodadas que a gente faz, é de entender se essa pessoa é capaz ou tem disposição de se movimentar lateralmente, porque aqui dentro do Granatum isso é quase que mandatório.

A gente tá nesse lugar hoje, onde essa revolução das IAs, torna o profissional tipo T, vamos usar essa terminologia para facilitar, é essencial, porque essa conexão entre saberes é o que faz, vai fazer a diferença de fato. Por que vai ser muito, cada vez mais fácil você criar soluções, vai ser cada vez mais fácil você ter soluções já criadas para você conectar nos seus processos de entrega de valor e saber quais são as ferramentas, ou quais as entregas que você precisa conectar, é o grande diferencial. E isso está relacionado com não ter essa cabeça do profissional tipo I, super especializado em uma única coisa.

Essa movimentação lateral é muito necessária. E eu digo, até que tem uma relação muito profunda com o propósito. Invariavelmente a gente vê infinitas histórias de pessoas que enriquecem. Nossa eu tenho um super emprego, ganhei um super salário, tenho uma super casa, num super lugar, mas sou infeliz. Isso é comum de ver. A gente tem histórias de pessoas que são bilionárias, que falam assim, olha se eu pudesse dar uma dica viva, curta sua família, aproveite, porque chega um momento em que você realmente começa a questionar o propósito do que você tá fazendo. E se você não fizer com propósito e de propósito as coisas que você faz hoje, não faz sentido, você vai concluir que não faz sentido. Venho do futuro para trazer essa mensagem pra vocês hoje, de que não faz sentido.

Então, é obedecer a natureza do ser humano, você se deslocar, você dialogar, você buscar outros contextos, outras histórias para você conseguir ser humano nesse processo, que é trabalhar e oferecer valor para alguém.

Maurício Matsuda

E eu acho que quando a gente fala de profissional T, a gente não tá falando só de profissionais desenvolvedores, acho que a gente pega todas as áreas. Então aqui no Granatum todo mundo tem liberdade e pode transitar e pode contribuir em todas as áreas. Então acho que isso é um ganho muito grande que a gente percebe de todo mundo, que todo mundo cresce junto, todo mundo compartilha, todo mundo aprende junto, não tem um receio, ah mas eu tô invadindo o espaço da outra pessoa. Aqui a gente tem, por exemplo, a pessoa do comercial faz o teste lá do que o desenvolvedor acabou de subir pra ver se tá tudo ok, se tá, tem algum bug, tem algum problema no código e tal. Então essa contribuição que acontece entre as pessoas, essa colaboração ajuda todo mundo, ajuda o desenvolvedor, que vai interagir mais com as outras áreas, ajuda essas outras áreas, que também vão conhecer um pouco mais da ferramenta, um pouco mais do que foi feito. Isso se torna um processo natural porque tá todo mundo envolvido, não tem aquele sentimento, ah não a minha parte tá entregue, eu subi o sistema aqui e tá lá no ar, agora é com suporte, agora é com o CS e eles que se virem lá com cliente. Então é uma conexão muito grande que gera entre as pessoas e aí eu acho que isso é também um ponto que fez com que a gente conseguisse crescer de forma enxuta. Então, a gente conseguiu abraçar mais, fazer mais coisas, entregar mais valor com menos gente. E aí eu acho que essa contribuição de todo mundo ajuda também a gente a evoluir mais, a otimizar os processos.

O Floz comentou sobre a IA, sobre a otimização no começo, esse lance da revolução, e aí uma coisa que eu sempre busquei muito no Granatum, que também já foi citado, é a questão de automação. Então eu até, a gente até fala assim, ah o melhor profissional é aquele profissional preguiçoso e inteligente. Que é aquele profissional que ele busca uma eficiência no que ele está fazendo, ele busca automatizar os processos que ele está fazendo para não executar atividade repetitiva. E aí isso, unindo o conhecimento que a pessoa tem na área. Então, sei lá, se a gente pega alguém do suporte, alguém do comercial, que faz um processo diário lá pra fazer as atividades e ela traz esse conhecimento junto com alguém técnico, alguém um desenvolvedor, a gente consegue criar uma solução, consegue automatizar, consegue facilitar o dia a dia dela com alguma coisa muito simples, mas que precisou dessa conexão entre essas duas áreas. Então é um ganho muito grande que a gente tem quando as áreas se conectam e trabalham juntas. E aí agora com a IA isso potencializou mais ainda, porque a gente pode ter um profissional técnico que vai trabalhar junto com a IA, alguém de negócio que tem um domínio maior sobre alguma situação, e aí junta IA, e essas duas pessoas e consegue construir algo muito bom em pouco tempo.

Mariana Prado

Muito legal ouvir vocês falando. Obrigada por compartilharem essas experiências aqui com a gente. O que a gente percebe é que a gente não tá falando sobre acumular habilidades ou ser bom em todas as coisas que a gente faz, mas é sobre conseguir ter um olhar que vai conectar os pontos, que vai dialogar com as diferentes áreas, que vai enxergar soluções que vão além da própria especialidade que a gente tem. E isso pode acontecer realmente com qualquer tipo de profissional, com qualquer formação, em qualquer espaço.

E a gente vê isso acontecendo o tempo todo aqui no Granatum. Então esse olhar multidisciplinar, ele vai mudar a forma como a gente pensa o produto, como a gente trabalha em equipe e, principalmente, como a gente se relaciona com os nossos clientes, porque a gente vai tá sempre buscando a melhor resposta, e, no fim, é isso que mantém o Granatum sempre atento às mudanças e também sempre fiel a sua essência.

E aí se você acredita que o futuro da tecnologia passa por pessoas capazes de cruzar fronteiras de conhecimento e de conectar áreas diferentes, compartilhe esse episódio com quem vai gostar dessa conversa.

Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir e até a próxima semana.