GranatumCast | Temporada 2

Código Granatum | Temporada 1

Código Granatum | Temporada 1

#07

Remoto e assíncrono, o que é isso?

Remoto e assíncrono, o que é isso?

Código Granatum - Episódio 07
Código Granatum - Episódio 07
Código Granatum - Episódio 07

Temas Relacionados ao Episódio

Temas Relacionados ao Episódio

  • Trabalho remoto de verdade

    Não é só trabalhar de casa; é permitir que cada pessoa escolha o momento ideal para produzir, respeitando a vida pessoal e a rotina própria.

  • Assíncrono que funciona

    Comunicação e tarefas documentadas permitem que o trabalho continue mesmo quando não estamos todos conectados ao mesmo tempo.

  • Autonomia + responsabilidade

    Liberdade vem acompanhada de responsabilidade: cada pessoa registra, comunica e organiza suas atividades para que o time funcione em rede.

  • Produção de valor coletivo

    Quando cada indivíduo atua no seu melhor momento, a soma das contribuições gera mais impacto do que supervisão presencial ou reuniões intermináveis.

  • Ferramentas que centralizam conhecimento

    O uso de plataformas como Basecamp garante que decisões, aprendizados e processos fiquem acessíveis para todos, facilitando a colaboração assíncrona.

  • Experimentação e aprendizado

    A pandemia mostrou que o trabalho remoto e assíncrono é possível; seis meses de teste no Granatum validaram os benefícios e ensinaram ajustes importantes.

  • Inspiração para outras equipes

    O modelo desafia percepções tradicionais e mostra que novas formas de trabalho podem aumentar autonomia, engajamento e inovação.

Transcrição do Episódio

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum.
Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável.
Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente e comigo estão Flávio Logullo e Matheus Haddad, dois dos cofundadores do Granatum.

Nos primeiros episódios do podcast a gente retomou a nossa história, a cultura, essência e olha que a gente não chegou nem na metade disso. Todas as escolhas difíceis que nos trouxeram até aqui, tem muita coisa pra contar ainda.

Mas a verdade é que enquanto a gente conta a história, tem muita coisa acontecendo no agora, no nosso dia a dia. O papo de hoje é sobre uma mudança grande que a gente fez no começo de 2025 e que a gente ainda tá experimentando, testando, vivendo e aprendendo. É o nosso modelo de trabalho atual, que é remoto e assíncrono.

Remoto, depois da pandemia já virou quase um lugar comum, home office, trabalhar de qualquer lugar, todo mundo já entende. Mas a palavra assíncrono ainda faz muita gente levantar a sobrancelha, do tipo, como assim, que que é isso?

Pra começar essa conversa, Floz e Matheus vocês podem explicar o que que significa, na prática, trabalhar de forma remota e assíncrona e o porquê que a gente decidiu apostar nesse modelo?

Flávio Logullo

Ótimo. Estava esperando demais pra falar sobre esse assunto que eu quero falar. Dá muito pano pra manga aqui na nossa cabeça. A gente ainda tá experimentando como você disse né Mari mas, já é um resultado da observação que a gente faz interna.

Mais uma vez o que motivou foi a motivação interna. E pra quem ouve a gente fica até o final porque eu entendo que é uma alternativa prática, real, pra esse modelo de presencial. Que só o presencial funciona, só aquele time que tá junto e que pendura a bandeira e que grita, que funciona.

É, não. Então, voltando né, mais uma vez a gente observou o grande motivador desse movimento aqui dentro do Granatum foi a observação da qualidade de vida do time. Tudo começou ali. Tudo começou com entender que havia, muito embora o nosso ambiente seja um ambiente muito leve né, de troca, onde todo mundo colabora muito, havia um cansaço mental.

As pessoas estavam falando que estavam cansadas mentalmente, que havia uma pressão, que estavam sentindo uma pressão. E depois de eu olhar um pouco pra gente, que tava acontecendo, deu pra entender que, uma coisa que estava acontecendo era falta de comunicação.

A gente tinha várias nuvens né de conhecimento, de trocas porque, o Granatum sempre foi remoto, a gente sempre teve pessoas que trabalharam fora da sede aqui né, que é São Paulo, então tem pessoas de fora de São Paulo que sempre trabalharam no Granatum.

Falando do Maurício, Maurício é um deles, por exemplo, sempre morou mais distante. Então a nossa natureza sempre foi remota. As pessoas tinham a opção de trabalhar três dias por semana, presencialmente, numa tentativa que a gente tinha de seguir um modelo que a gente entendia que é o que funcionava, que era todo mundo junto e ia funcionar.

Mas na verdade a gente sempre operou de forma remota. Tem parte do nosso time que tá em Natal, por exemplo. Então a gente tinha rituais aqui no Granatum de se encontrar quarta-feira, presencialmente, até antes de escolher esse modelo, remoto e assíncrono.

Então o que que acontecia com essas pessoas né, elas não vinham de Natal às quartas-feiras, porque é uma viagem longa, quem conhece a distância aí de São Paulo a Natal. Então de alguma maneira a gente punia essas pessoas, se a gente partisse da premissa de que o presencial é o que era bom na coisa toda.

Então a gente resolveu dar esses passos pra trás e observar o Granatum e a operação de uma maneira mais distante né, mais abrangente. Nessa observação ficou claro pra gente que exigir a presença, para nós, que fazemos uma entrega de um produto que é digital, que é possível fazer entrega totalmente remota, não fazia sentido nenhum.

Então o que importa pra gente, o que tá dentro da cultura do DNA da WebGoal, é a entrega de valor. Os nossos clientes do Ateliê de Software, que é uma das empresas do grupo, eles operam assim, eles pagam depois que a gente entrega.

A gente sempre trabalhou assim. A gente sempre trabalhou com um valor muito grande na entrega. Então porque que a gente deveria exigir a presença das pessoas para trabalharem aqui, já que a entrega de valor que a gente consegue criar coletivamente é o que importa.

E essa entrega coletiva independe do lugar que as pessoas estão. Então, mais uma vez, a gente olhou pra dentro e decidiu buscar referências para começar a operar dessa maneira remota de um jeito sério. E isso puxa o assíncrono.

A comunicação assíncrona, que tem tudo a ver com dinâmicas diferentes, com, eventualmente, fusos horários diferentes, feriados diferentes, rotina de vida diferente. Então não é justo priorizar uma pessoa que se encaixa em um padrão.

Então uma pessoa solteira, que mora em São Paulo com seus 20 e poucos, 30 e poucos anos, que consegue se deslocar em um período, não. A gente tem dinâmicas de vida diferente, então nesse passo pra trás, essa observação também levou em consideração isso, a gente precisa considerar os diferentes contextos, a gente precisa respeitar todas as pessoas, para que a gente consiga fazer essa produção de valor e até aqui tá sendo incrível.

Matheus Haddad

Bom, eu acho que faz sentido a gente explicar um pouquinho conceitualmente do que que a gente tá falando, porque tá todo mundo acostumado, desde sempre, com o trabalho presencial e síncrono. Então, há cem anos atrás, quando as pessoas iam para o trabalho, elas precisavam estar lá porque as máquinas, os equipamentos e até mesmo os clientes estavam naquele lugar. E aí participar, realizar o trabalho presencialmente, naquele período específico de tempo, de horas de um dia, fazia todo sentido.

Mas a gente viu que com o passar dos anos a tecnologia melhorou, evoluiu e a gente começou a perceber que novos modelos de negócio, que poderiam acontecer na prática de forma muito diferente do tradicional, também começaram a moldar a maneira como as pessoas poderiam trabalhar.

Então quando a gente fala de empresas de tecnologia, por exemplo, como o Granatum, a gente sabe que as pessoas podem fazer o trabalho de qualquer parte, de qualquer lugar que elas estejam, basta que elas tenham acesso a internet e um computador e elas podem trabalhar executando suas atividades de forma remota.

Então o trabalho de programação, de design né, muitas vezes já acontecia na WebGoal, nos primórdios do Granatum, de forma remota, porque realmente, como o Flávio colocou, algumas pessoas já trabalhavam em outras cidades. E a gente percebeu que um outro passo importante que a gente deu foi mudar o trabalho de síncrono, que é aquele que deve acontecer com todo mundo ao mesmo tempo, no mesmo período de tempo, para um trabalho assíncrono, ou seja, as pessoas podem trabalhar em momentos diferentes, elas não precisam estar conectadas ao mesmo tempo ou conversando ao mesmo tempo.

Elas podem escrever as tarefas que estão realizando, as atividades para que uma outra pessoa, num outro momento possa ler, entender e continuar o trabalho dali. Então essa separação do momento que o trabalho acontece para sua continuidade, ela não precisa ser mais síncrona, ou seja, ao mesmo tempo, com duas pessoas realizando o trabalho naquele instante. Esse trabalho pode acontecer distribuído no tempo, de forma assíncrona.

E aí pra que isso seja útil, viável né, a gente precisa registrar todo trabalho que tá acontecendo, o passo a passo das atividades, organizar as agendas, para que o trabalho possa ser coordenado de uma forma diferente daquela que era presencial, que era no face a face né, conversando com a pessoa, olhando, convivendo ao lado dela, pra poder organizar a comunicação e as atividades.

E aí a gente tem algumas coisas que mudam bastante nesse paradigma, a primeira é que a pessoa tem que pensar bastante pra escrever, tem que fazer um registro muito fidedigno do que tá realizando, das dificuldades que tá enfrentando e saber discutir de uma forma um pouco mais textual, porque as pessoas né vão acabar consumindo em momentos diferentes. É claro que elas podem usar áudio, podem usar vídeo para melhorar essa comunicação assim, mas o fato é que ela não precisa acontecer no mesmo instante, é essa é uma aposta muito grande na autonomia das pessoas, porque isso gera uma responsabilidade diferente que traz uma contrapartida do que o Flávio mencionou agora a pouco, que é permitir que cada pessoa adeque, faça a adequação do próprio trabalho a sua rotina de vida.

Então se eu tenho alguma rotina de manhã e o outro tem uma rotina mais à tarde a gente consegue equilibrar essas diferenças na vida pessoal usando uma forma de trabalho que permite essa adaptação para que as coisas aconteçam em tempos diferentes. Isso é um respeito profundo ao ser humano, não é?

A gente tá muito acostumado do trabalho se impor sobre as pessoas nos momentos que o trabalho quer, do jeito que o trabalho acha que é melhor e o que a gente tá vendo no modelo remoto e assíncrono é o contrário, permitir que as pessoas possam trabalhar do melhor jeito que elas conseguirem, de acordo com a sua disponibilidade e com a sua forma de contribuição.

Então a gente aposta profundamente nas pessoas. No lugar de impor um padrão de trabalho tradicional e esperar que todo mundo reaja do mesmo jeito porque sempre o trabalho foi dessa maneira.

Flávio Logullo

Exatamente. Eu fico muito empolgado de falar disso porque, você falou tudo né, a respeito ao ser humano, é quase que a natureza, a gente já opera assim né, a gente tem as dinâmicas e historicamente as pessoas vestem uma fantasia pra ir trabalhar, como se os problemas dela não delas não acontecessem, como se os filhos delas não adoecem e é responsabilidade da mãe que tem que ficar em casa, você percebe, a gente faz uma crítica sistêmica né, gigantesca quando a gente opera no modelo de respeito ao ser humano e das suas individualidades.

Porque, ah não, depois que a Mari teve filho ficou muito ruim pra nós aqui, esse diálogo ele não pode acontecer. Então, eu tô muito empolgado com esse momento do Granatum e eu tô tentando nas empresas né, instituir e ajudar a trazer esse modelo porque, ele é de fato muito produtivo e a gente traz um outro significado à produtividade.

Produtivo, até bem pouco tempo atrás, até antes da gente trazer esse modelo pro Granatum, ainda era visto dentro do Granatum por algumas pessoas do time mesmo e isso não é uma crítica às pessoas, mas é uma crítica sistêmica, porque a gente foi exposto a maior parte do tempo para esse modelo de trabalho né que é sempre, eu preciso estar presente, ah lá, olha lá, ele chegou atrasado. A gente discute o atraso e a gente não discute o problema no modelo tradicional e isso não faz sentido nenhum.

Isso estressa as pessoas, isso não agrega valor ao negócio. Então esse modelo ele me empolga muito porque a gente consegue mexer em vários vários pontos de uma matriz imensa de variáveis que é a produção de valor coletivo, que a gente tá falando de empresa, de uma empresa, a produção de valor coletivo. Então a gente conseguiu usar todas as potencialidades dos indivíduos em seus melhores momentos, é a coisa mais poderosa que a gente pode fazer.

E mais uma vez, eu entendo que nós aqui dentro, a gente tá olhando e apostando num modelo que é inevitavelmente, será o modelo do futuro do trabalho, porque já tá acontecendo. Se a gente olha pras transformações das IAs, se a gente olha pra epidemia de saúde, de problema de saúde mental que a gente tá vivendo, óbvio que a gente vai chegar um em um momento que vai ter que dizer chega. E eu entendo que esse modelo que a gente tá adotando, vai muito de encontro com esse momento de dizer chega.

E aí queria voltar e pegar um gancho que você falou aí Matheus sobre escrever. Então como funciona, que tá funcionando aqui dentro do Granatum? Então o remoto é o remoto cada um tá no seu canto, cada um tá no seu espaço e esse é um desafio, quero falar um pouco mais pra frente sobre isso. Mas o assíncrono, o assíncrono a gente usa uma ferramenta e aí assumir que nós somos 100% remotos obrigou a gente a buscar ferramentas que se adequassem 100% a essa nova realidade.

E a assincronicidade vem pra ajudar a gente a escolher essa ferramenta. Então hoje a gente usa uma ferramenta onde mesmo que esses encontros aqui aconteçam né, então a gente continua tendo encontros, alguns encontros é onde a gente faz calls com ligações, com os nossos pares ali, mas toda a ligação gera um conhecimento dentro dessa nossa ferramenta que a gente se comunica ali.

Então, aconteceu um fenômeno muito interessante que sempre foi o nosso sonho né, de nós, sócios, onde a autonomia seja de fato praticada e para autonomia acontecer a gente precisa conhecer o contexto, conhecer a nós mesmos e conhecer os nossos pares.

E quando a gente tem um repositório de conhecimento como o nosso ali. A gente usa o Basecamp, tem que falar sobre o Basecamp né, a gente usa o Basecamp que é a ferramenta para centralizar toda informação. A gente pode até falar como a gente usa em outro episódio aí Mari, olha só, mas com esse conhecimento todo ali a gente permite que a atuação das pessoas seja em rede real.

Então, eu tô falando sobre o atendimento e uma pessoa que trabalha no BPO do Granatum é capaz de, a seu tempo, porque pensa na rotina do BPO que tá ali lidando com o cliente e tratando de tarefas operacionais dos negócios e tal, e não é naquele momento que a discussão nasce que ele vai responder, mas ele em seu tempo pode chegar ali ou ter uma ideia do que que tá acontecendo. Falar "poxa o cliente resolveu esse problema desse jeito, eu também posso resolver" ou contribuir. Olha já passei por esse problema e você pode sugerir pro cliente resolver desse outro jeito.

E assim, trezentos e sessenta graus então, eu tô achando maravilhoso que o time de atendimento tá contribuindo com o desenvolvimento de produto, que o time de produto tá puxando o BPO e o administrativo também fazendo pitches né, escrevendo melhorias pro produto. Isso sim é atuar em rede. Eu acho que esse é o grande ganho que a gente teve nesse último período.

Pra mim foram os seis melhores meses do Granatum, foram esses últimos seis meses porque apesar de ser muito desafiador, eu falei que eu ia falar sobre o desafio da distância. A gente gosta de tá próximo, a gente ainda se encontra, a gente ainda tem o escritório, em alguns momentos a gente vai lá só que sem a obrigatoriedade de ir, é muito diferente.

Então a gente não tira do nosso dia produtivo um dia que vai ter reunião ou uma reunião onde a gente ouve vinte pessoas e na terceira a gente já esqueceu o que que a primeira falou. Isso não é produção de valor, isso não é gerar conhecimento e se nós somos trabalhadores do conhecimento a gente precisa atuar como uma escola, como uma universalidade de produção de conhecimento e isso tá acontecendo aqui, tá sendo muito bom.

Matheus Haddad

Bom é, eu acho que pra complementar aqui as pessoas podem tá pensando né, ah mas então deve ser muito mais fácil trabalhar no Granatum, deve ser um dia a dia tranquilo, porque não tem que ir lá, o chefe não tá olhando, não tá vigiando a gente, não é? Como é que vocês lidam com isso?

Esse é um outro ponto importante é, criar todo esse ambiente, ajudar as pessoas a desenvolver autonomia e com ela a responsabilidade de trabalhar dessa forma. Traz ganho não só pro negócio mas pras próprias pessoas e é por isso que as pessoas continuam retribuindo com a sua dedicação, porque elas se sentem respeitadas e elas se sentem parte de uma coisa que elas estão ajudando a construir, ao invés de serem simplesmente mandadas né ou controladas a fazer um trabalho.

Então esse aspecto é muito interessante porque, tá tão enraizado na nossa cabeça essa mudança do estilo de trabalho, que pra muitas pessoas pode parecer impossível, não é? Nós mesmos no Ateliê de Software, no Granatum, na WebGoal, antes da pandemia, achávamos essencial o trabalho presencial, a gente tinha uma cultura presencial, porque a gente acreditava que era importante tá todo dia junto pra poder produzir coisas inovadoras, para ter uma comunicação mais eficiente, até a comunicação não verbal, aquela que só acontece quando a gente observa as pessoas trabalhando.

E a pandemia nos ensinou que na verdade era muito melhor trabalhar de forma remota né. Forçados pela pandemia a trabalhar cada um de sua própria casa, a gente conseguiu em pouco tempo, dado a cultura que a gente já tinha e o nosso estilo de gestão, organizar o nosso trabalho remotamente, com equipes mais autônomas e uma comunicação um pouco mais assíncrona do que a gente fazia no escritório.

E isso levou a gente a explorar novas possibilidades. Como essa aqui né, que tá acontecendo no Granatum, de utilizar um modelo de trabalho totalmente remoto e assíncrono dado às experiências e as experimentações que a gente teve durante a pandemia. Então isso possibilitou um salto muito grande na nossa percepção de como o trabalho deveria acontecer.

Então não fique limitado às suas percepções né. Às vezes é uma mudança simples que te leva pra um lugar muito melhor e você só precisa experimentar.

Mariana Prado

É isso e já são mais de seis meses experimentando essa liberdade de trabalho que a gente nunca tinha vivido antes e que a gente ainda tá descobrindo o que que a gente faz com essa tal liberdade né? Em como a gente ajusta a nossa rotina, em como a gente mantém o alinhamento, em como a gente continua se sentindo próximo mesmo com essa distância de tempo e de espaço às vezes.

Fazer algo novo é isso, desafia mas também é inspirador.

Se você ouviu a gente até aqui, conta pra gente o que que a sua empresa tem feito de diferente por aí. E compartilhar esse episódio com quem também quer ter mais liberdade na agenda!

A gente se vê no próximo episódio de Código Granatum. Até lá!

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum.
Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável.
Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente e comigo estão Flávio Logullo e Matheus Haddad, dois dos cofundadores do Granatum.

Nos primeiros episódios do podcast a gente retomou a nossa história, a cultura, essência e olha que a gente não chegou nem na metade disso. Todas as escolhas difíceis que nos trouxeram até aqui, tem muita coisa pra contar ainda.

Mas a verdade é que enquanto a gente conta a história, tem muita coisa acontecendo no agora, no nosso dia a dia. O papo de hoje é sobre uma mudança grande que a gente fez no começo de 2025 e que a gente ainda tá experimentando, testando, vivendo e aprendendo. É o nosso modelo de trabalho atual, que é remoto e assíncrono.

Remoto, depois da pandemia já virou quase um lugar comum, home office, trabalhar de qualquer lugar, todo mundo já entende. Mas a palavra assíncrono ainda faz muita gente levantar a sobrancelha, do tipo, como assim, que que é isso?

Pra começar essa conversa, Floz e Matheus vocês podem explicar o que que significa, na prática, trabalhar de forma remota e assíncrona e o porquê que a gente decidiu apostar nesse modelo?

Flávio Logullo

Ótimo. Estava esperando demais pra falar sobre esse assunto que eu quero falar. Dá muito pano pra manga aqui na nossa cabeça. A gente ainda tá experimentando como você disse né Mari mas, já é um resultado da observação que a gente faz interna.

Mais uma vez o que motivou foi a motivação interna. E pra quem ouve a gente fica até o final porque eu entendo que é uma alternativa prática, real, pra esse modelo de presencial. Que só o presencial funciona, só aquele time que tá junto e que pendura a bandeira e que grita, que funciona.

É, não. Então, voltando né, mais uma vez a gente observou o grande motivador desse movimento aqui dentro do Granatum foi a observação da qualidade de vida do time. Tudo começou ali. Tudo começou com entender que havia, muito embora o nosso ambiente seja um ambiente muito leve né, de troca, onde todo mundo colabora muito, havia um cansaço mental.

As pessoas estavam falando que estavam cansadas mentalmente, que havia uma pressão, que estavam sentindo uma pressão. E depois de eu olhar um pouco pra gente, que tava acontecendo, deu pra entender que, uma coisa que estava acontecendo era falta de comunicação.

A gente tinha várias nuvens né de conhecimento, de trocas porque, o Granatum sempre foi remoto, a gente sempre teve pessoas que trabalharam fora da sede aqui né, que é São Paulo, então tem pessoas de fora de São Paulo que sempre trabalharam no Granatum.

Falando do Maurício, Maurício é um deles, por exemplo, sempre morou mais distante. Então a nossa natureza sempre foi remota. As pessoas tinham a opção de trabalhar três dias por semana, presencialmente, numa tentativa que a gente tinha de seguir um modelo que a gente entendia que é o que funcionava, que era todo mundo junto e ia funcionar.

Mas na verdade a gente sempre operou de forma remota. Tem parte do nosso time que tá em Natal, por exemplo. Então a gente tinha rituais aqui no Granatum de se encontrar quarta-feira, presencialmente, até antes de escolher esse modelo, remoto e assíncrono.

Então o que que acontecia com essas pessoas né, elas não vinham de Natal às quartas-feiras, porque é uma viagem longa, quem conhece a distância aí de São Paulo a Natal. Então de alguma maneira a gente punia essas pessoas, se a gente partisse da premissa de que o presencial é o que era bom na coisa toda.

Então a gente resolveu dar esses passos pra trás e observar o Granatum e a operação de uma maneira mais distante né, mais abrangente. Nessa observação ficou claro pra gente que exigir a presença, para nós, que fazemos uma entrega de um produto que é digital, que é possível fazer entrega totalmente remota, não fazia sentido nenhum.

Então o que importa pra gente, o que tá dentro da cultura do DNA da WebGoal, é a entrega de valor. Os nossos clientes do Ateliê de Software, que é uma das empresas do grupo, eles operam assim, eles pagam depois que a gente entrega.

A gente sempre trabalhou assim. A gente sempre trabalhou com um valor muito grande na entrega. Então porque que a gente deveria exigir a presença das pessoas para trabalharem aqui, já que a entrega de valor que a gente consegue criar coletivamente é o que importa.

E essa entrega coletiva independe do lugar que as pessoas estão. Então, mais uma vez, a gente olhou pra dentro e decidiu buscar referências para começar a operar dessa maneira remota de um jeito sério. E isso puxa o assíncrono.

A comunicação assíncrona, que tem tudo a ver com dinâmicas diferentes, com, eventualmente, fusos horários diferentes, feriados diferentes, rotina de vida diferente. Então não é justo priorizar uma pessoa que se encaixa em um padrão.

Então uma pessoa solteira, que mora em São Paulo com seus 20 e poucos, 30 e poucos anos, que consegue se deslocar em um período, não. A gente tem dinâmicas de vida diferente, então nesse passo pra trás, essa observação também levou em consideração isso, a gente precisa considerar os diferentes contextos, a gente precisa respeitar todas as pessoas, para que a gente consiga fazer essa produção de valor e até aqui tá sendo incrível.

Matheus Haddad

Bom, eu acho que faz sentido a gente explicar um pouquinho conceitualmente do que que a gente tá falando, porque tá todo mundo acostumado, desde sempre, com o trabalho presencial e síncrono. Então, há cem anos atrás, quando as pessoas iam para o trabalho, elas precisavam estar lá porque as máquinas, os equipamentos e até mesmo os clientes estavam naquele lugar. E aí participar, realizar o trabalho presencialmente, naquele período específico de tempo, de horas de um dia, fazia todo sentido.

Mas a gente viu que com o passar dos anos a tecnologia melhorou, evoluiu e a gente começou a perceber que novos modelos de negócio, que poderiam acontecer na prática de forma muito diferente do tradicional, também começaram a moldar a maneira como as pessoas poderiam trabalhar.

Então quando a gente fala de empresas de tecnologia, por exemplo, como o Granatum, a gente sabe que as pessoas podem fazer o trabalho de qualquer parte, de qualquer lugar que elas estejam, basta que elas tenham acesso a internet e um computador e elas podem trabalhar executando suas atividades de forma remota.

Então o trabalho de programação, de design né, muitas vezes já acontecia na WebGoal, nos primórdios do Granatum, de forma remota, porque realmente, como o Flávio colocou, algumas pessoas já trabalhavam em outras cidades. E a gente percebeu que um outro passo importante que a gente deu foi mudar o trabalho de síncrono, que é aquele que deve acontecer com todo mundo ao mesmo tempo, no mesmo período de tempo, para um trabalho assíncrono, ou seja, as pessoas podem trabalhar em momentos diferentes, elas não precisam estar conectadas ao mesmo tempo ou conversando ao mesmo tempo.

Elas podem escrever as tarefas que estão realizando, as atividades para que uma outra pessoa, num outro momento possa ler, entender e continuar o trabalho dali. Então essa separação do momento que o trabalho acontece para sua continuidade, ela não precisa ser mais síncrona, ou seja, ao mesmo tempo, com duas pessoas realizando o trabalho naquele instante. Esse trabalho pode acontecer distribuído no tempo, de forma assíncrona.

E aí pra que isso seja útil, viável né, a gente precisa registrar todo trabalho que tá acontecendo, o passo a passo das atividades, organizar as agendas, para que o trabalho possa ser coordenado de uma forma diferente daquela que era presencial, que era no face a face né, conversando com a pessoa, olhando, convivendo ao lado dela, pra poder organizar a comunicação e as atividades.

E aí a gente tem algumas coisas que mudam bastante nesse paradigma, a primeira é que a pessoa tem que pensar bastante pra escrever, tem que fazer um registro muito fidedigno do que tá realizando, das dificuldades que tá enfrentando e saber discutir de uma forma um pouco mais textual, porque as pessoas né vão acabar consumindo em momentos diferentes. É claro que elas podem usar áudio, podem usar vídeo para melhorar essa comunicação assim, mas o fato é que ela não precisa acontecer no mesmo instante, é essa é uma aposta muito grande na autonomia das pessoas, porque isso gera uma responsabilidade diferente que traz uma contrapartida do que o Flávio mencionou agora a pouco, que é permitir que cada pessoa adeque, faça a adequação do próprio trabalho a sua rotina de vida.

Então se eu tenho alguma rotina de manhã e o outro tem uma rotina mais à tarde a gente consegue equilibrar essas diferenças na vida pessoal usando uma forma de trabalho que permite essa adaptação para que as coisas aconteçam em tempos diferentes. Isso é um respeito profundo ao ser humano, não é?

A gente tá muito acostumado do trabalho se impor sobre as pessoas nos momentos que o trabalho quer, do jeito que o trabalho acha que é melhor e o que a gente tá vendo no modelo remoto e assíncrono é o contrário, permitir que as pessoas possam trabalhar do melhor jeito que elas conseguirem, de acordo com a sua disponibilidade e com a sua forma de contribuição.

Então a gente aposta profundamente nas pessoas. No lugar de impor um padrão de trabalho tradicional e esperar que todo mundo reaja do mesmo jeito porque sempre o trabalho foi dessa maneira.

Flávio Logullo

Exatamente. Eu fico muito empolgado de falar disso porque, você falou tudo né, a respeito ao ser humano, é quase que a natureza, a gente já opera assim né, a gente tem as dinâmicas e historicamente as pessoas vestem uma fantasia pra ir trabalhar, como se os problemas dela não delas não acontecessem, como se os filhos delas não adoecem e é responsabilidade da mãe que tem que ficar em casa, você percebe, a gente faz uma crítica sistêmica né, gigantesca quando a gente opera no modelo de respeito ao ser humano e das suas individualidades.

Porque, ah não, depois que a Mari teve filho ficou muito ruim pra nós aqui, esse diálogo ele não pode acontecer. Então, eu tô muito empolgado com esse momento do Granatum e eu tô tentando nas empresas né, instituir e ajudar a trazer esse modelo porque, ele é de fato muito produtivo e a gente traz um outro significado à produtividade.

Produtivo, até bem pouco tempo atrás, até antes da gente trazer esse modelo pro Granatum, ainda era visto dentro do Granatum por algumas pessoas do time mesmo e isso não é uma crítica às pessoas, mas é uma crítica sistêmica, porque a gente foi exposto a maior parte do tempo para esse modelo de trabalho né que é sempre, eu preciso estar presente, ah lá, olha lá, ele chegou atrasado. A gente discute o atraso e a gente não discute o problema no modelo tradicional e isso não faz sentido nenhum.

Isso estressa as pessoas, isso não agrega valor ao negócio. Então esse modelo ele me empolga muito porque a gente consegue mexer em vários vários pontos de uma matriz imensa de variáveis que é a produção de valor coletivo, que a gente tá falando de empresa, de uma empresa, a produção de valor coletivo. Então a gente conseguiu usar todas as potencialidades dos indivíduos em seus melhores momentos, é a coisa mais poderosa que a gente pode fazer.

E mais uma vez, eu entendo que nós aqui dentro, a gente tá olhando e apostando num modelo que é inevitavelmente, será o modelo do futuro do trabalho, porque já tá acontecendo. Se a gente olha pras transformações das IAs, se a gente olha pra epidemia de saúde, de problema de saúde mental que a gente tá vivendo, óbvio que a gente vai chegar um em um momento que vai ter que dizer chega. E eu entendo que esse modelo que a gente tá adotando, vai muito de encontro com esse momento de dizer chega.

E aí queria voltar e pegar um gancho que você falou aí Matheus sobre escrever. Então como funciona, que tá funcionando aqui dentro do Granatum? Então o remoto é o remoto cada um tá no seu canto, cada um tá no seu espaço e esse é um desafio, quero falar um pouco mais pra frente sobre isso. Mas o assíncrono, o assíncrono a gente usa uma ferramenta e aí assumir que nós somos 100% remotos obrigou a gente a buscar ferramentas que se adequassem 100% a essa nova realidade.

E a assincronicidade vem pra ajudar a gente a escolher essa ferramenta. Então hoje a gente usa uma ferramenta onde mesmo que esses encontros aqui aconteçam né, então a gente continua tendo encontros, alguns encontros é onde a gente faz calls com ligações, com os nossos pares ali, mas toda a ligação gera um conhecimento dentro dessa nossa ferramenta que a gente se comunica ali.

Então, aconteceu um fenômeno muito interessante que sempre foi o nosso sonho né, de nós, sócios, onde a autonomia seja de fato praticada e para autonomia acontecer a gente precisa conhecer o contexto, conhecer a nós mesmos e conhecer os nossos pares.

E quando a gente tem um repositório de conhecimento como o nosso ali. A gente usa o Basecamp, tem que falar sobre o Basecamp né, a gente usa o Basecamp que é a ferramenta para centralizar toda informação. A gente pode até falar como a gente usa em outro episódio aí Mari, olha só, mas com esse conhecimento todo ali a gente permite que a atuação das pessoas seja em rede real.

Então, eu tô falando sobre o atendimento e uma pessoa que trabalha no BPO do Granatum é capaz de, a seu tempo, porque pensa na rotina do BPO que tá ali lidando com o cliente e tratando de tarefas operacionais dos negócios e tal, e não é naquele momento que a discussão nasce que ele vai responder, mas ele em seu tempo pode chegar ali ou ter uma ideia do que que tá acontecendo. Falar "poxa o cliente resolveu esse problema desse jeito, eu também posso resolver" ou contribuir. Olha já passei por esse problema e você pode sugerir pro cliente resolver desse outro jeito.

E assim, trezentos e sessenta graus então, eu tô achando maravilhoso que o time de atendimento tá contribuindo com o desenvolvimento de produto, que o time de produto tá puxando o BPO e o administrativo também fazendo pitches né, escrevendo melhorias pro produto. Isso sim é atuar em rede. Eu acho que esse é o grande ganho que a gente teve nesse último período.

Pra mim foram os seis melhores meses do Granatum, foram esses últimos seis meses porque apesar de ser muito desafiador, eu falei que eu ia falar sobre o desafio da distância. A gente gosta de tá próximo, a gente ainda se encontra, a gente ainda tem o escritório, em alguns momentos a gente vai lá só que sem a obrigatoriedade de ir, é muito diferente.

Então a gente não tira do nosso dia produtivo um dia que vai ter reunião ou uma reunião onde a gente ouve vinte pessoas e na terceira a gente já esqueceu o que que a primeira falou. Isso não é produção de valor, isso não é gerar conhecimento e se nós somos trabalhadores do conhecimento a gente precisa atuar como uma escola, como uma universalidade de produção de conhecimento e isso tá acontecendo aqui, tá sendo muito bom.

Matheus Haddad

Bom é, eu acho que pra complementar aqui as pessoas podem tá pensando né, ah mas então deve ser muito mais fácil trabalhar no Granatum, deve ser um dia a dia tranquilo, porque não tem que ir lá, o chefe não tá olhando, não tá vigiando a gente, não é? Como é que vocês lidam com isso?

Esse é um outro ponto importante é, criar todo esse ambiente, ajudar as pessoas a desenvolver autonomia e com ela a responsabilidade de trabalhar dessa forma. Traz ganho não só pro negócio mas pras próprias pessoas e é por isso que as pessoas continuam retribuindo com a sua dedicação, porque elas se sentem respeitadas e elas se sentem parte de uma coisa que elas estão ajudando a construir, ao invés de serem simplesmente mandadas né ou controladas a fazer um trabalho.

Então esse aspecto é muito interessante porque, tá tão enraizado na nossa cabeça essa mudança do estilo de trabalho, que pra muitas pessoas pode parecer impossível, não é? Nós mesmos no Ateliê de Software, no Granatum, na WebGoal, antes da pandemia, achávamos essencial o trabalho presencial, a gente tinha uma cultura presencial, porque a gente acreditava que era importante tá todo dia junto pra poder produzir coisas inovadoras, para ter uma comunicação mais eficiente, até a comunicação não verbal, aquela que só acontece quando a gente observa as pessoas trabalhando.

E a pandemia nos ensinou que na verdade era muito melhor trabalhar de forma remota né. Forçados pela pandemia a trabalhar cada um de sua própria casa, a gente conseguiu em pouco tempo, dado a cultura que a gente já tinha e o nosso estilo de gestão, organizar o nosso trabalho remotamente, com equipes mais autônomas e uma comunicação um pouco mais assíncrona do que a gente fazia no escritório.

E isso levou a gente a explorar novas possibilidades. Como essa aqui né, que tá acontecendo no Granatum, de utilizar um modelo de trabalho totalmente remoto e assíncrono dado às experiências e as experimentações que a gente teve durante a pandemia. Então isso possibilitou um salto muito grande na nossa percepção de como o trabalho deveria acontecer.

Então não fique limitado às suas percepções né. Às vezes é uma mudança simples que te leva pra um lugar muito melhor e você só precisa experimentar.

Mariana Prado

É isso e já são mais de seis meses experimentando essa liberdade de trabalho que a gente nunca tinha vivido antes e que a gente ainda tá descobrindo o que que a gente faz com essa tal liberdade né? Em como a gente ajusta a nossa rotina, em como a gente mantém o alinhamento, em como a gente continua se sentindo próximo mesmo com essa distância de tempo e de espaço às vezes.

Fazer algo novo é isso, desafia mas também é inspirador.

Se você ouviu a gente até aqui, conta pra gente o que que a sua empresa tem feito de diferente por aí. E compartilhar esse episódio com quem também quer ter mais liberdade na agenda!

A gente se vê no próximo episódio de Código Granatum. Até lá!

Mariana Prado

Você está ouvindo Código Granatum.
Conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável.
Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente e comigo estão Flávio Logullo e Matheus Haddad, dois dos cofundadores do Granatum.

Nos primeiros episódios do podcast a gente retomou a nossa história, a cultura, essência e olha que a gente não chegou nem na metade disso. Todas as escolhas difíceis que nos trouxeram até aqui, tem muita coisa pra contar ainda.

Mas a verdade é que enquanto a gente conta a história, tem muita coisa acontecendo no agora, no nosso dia a dia. O papo de hoje é sobre uma mudança grande que a gente fez no começo de 2025 e que a gente ainda tá experimentando, testando, vivendo e aprendendo. É o nosso modelo de trabalho atual, que é remoto e assíncrono.

Remoto, depois da pandemia já virou quase um lugar comum, home office, trabalhar de qualquer lugar, todo mundo já entende. Mas a palavra assíncrono ainda faz muita gente levantar a sobrancelha, do tipo, como assim, que que é isso?

Pra começar essa conversa, Floz e Matheus vocês podem explicar o que que significa, na prática, trabalhar de forma remota e assíncrona e o porquê que a gente decidiu apostar nesse modelo?

Flávio Logullo

Ótimo. Estava esperando demais pra falar sobre esse assunto que eu quero falar. Dá muito pano pra manga aqui na nossa cabeça. A gente ainda tá experimentando como você disse né Mari mas, já é um resultado da observação que a gente faz interna.

Mais uma vez o que motivou foi a motivação interna. E pra quem ouve a gente fica até o final porque eu entendo que é uma alternativa prática, real, pra esse modelo de presencial. Que só o presencial funciona, só aquele time que tá junto e que pendura a bandeira e que grita, que funciona.

É, não. Então, voltando né, mais uma vez a gente observou o grande motivador desse movimento aqui dentro do Granatum foi a observação da qualidade de vida do time. Tudo começou ali. Tudo começou com entender que havia, muito embora o nosso ambiente seja um ambiente muito leve né, de troca, onde todo mundo colabora muito, havia um cansaço mental.

As pessoas estavam falando que estavam cansadas mentalmente, que havia uma pressão, que estavam sentindo uma pressão. E depois de eu olhar um pouco pra gente, que tava acontecendo, deu pra entender que, uma coisa que estava acontecendo era falta de comunicação.

A gente tinha várias nuvens né de conhecimento, de trocas porque, o Granatum sempre foi remoto, a gente sempre teve pessoas que trabalharam fora da sede aqui né, que é São Paulo, então tem pessoas de fora de São Paulo que sempre trabalharam no Granatum.

Falando do Maurício, Maurício é um deles, por exemplo, sempre morou mais distante. Então a nossa natureza sempre foi remota. As pessoas tinham a opção de trabalhar três dias por semana, presencialmente, numa tentativa que a gente tinha de seguir um modelo que a gente entendia que é o que funcionava, que era todo mundo junto e ia funcionar.

Mas na verdade a gente sempre operou de forma remota. Tem parte do nosso time que tá em Natal, por exemplo. Então a gente tinha rituais aqui no Granatum de se encontrar quarta-feira, presencialmente, até antes de escolher esse modelo, remoto e assíncrono.

Então o que que acontecia com essas pessoas né, elas não vinham de Natal às quartas-feiras, porque é uma viagem longa, quem conhece a distância aí de São Paulo a Natal. Então de alguma maneira a gente punia essas pessoas, se a gente partisse da premissa de que o presencial é o que era bom na coisa toda.

Então a gente resolveu dar esses passos pra trás e observar o Granatum e a operação de uma maneira mais distante né, mais abrangente. Nessa observação ficou claro pra gente que exigir a presença, para nós, que fazemos uma entrega de um produto que é digital, que é possível fazer entrega totalmente remota, não fazia sentido nenhum.

Então o que importa pra gente, o que tá dentro da cultura do DNA da WebGoal, é a entrega de valor. Os nossos clientes do Ateliê de Software, que é uma das empresas do grupo, eles operam assim, eles pagam depois que a gente entrega.

A gente sempre trabalhou assim. A gente sempre trabalhou com um valor muito grande na entrega. Então porque que a gente deveria exigir a presença das pessoas para trabalharem aqui, já que a entrega de valor que a gente consegue criar coletivamente é o que importa.

E essa entrega coletiva independe do lugar que as pessoas estão. Então, mais uma vez, a gente olhou pra dentro e decidiu buscar referências para começar a operar dessa maneira remota de um jeito sério. E isso puxa o assíncrono.

A comunicação assíncrona, que tem tudo a ver com dinâmicas diferentes, com, eventualmente, fusos horários diferentes, feriados diferentes, rotina de vida diferente. Então não é justo priorizar uma pessoa que se encaixa em um padrão.

Então uma pessoa solteira, que mora em São Paulo com seus 20 e poucos, 30 e poucos anos, que consegue se deslocar em um período, não. A gente tem dinâmicas de vida diferente, então nesse passo pra trás, essa observação também levou em consideração isso, a gente precisa considerar os diferentes contextos, a gente precisa respeitar todas as pessoas, para que a gente consiga fazer essa produção de valor e até aqui tá sendo incrível.

Matheus Haddad

Bom, eu acho que faz sentido a gente explicar um pouquinho conceitualmente do que que a gente tá falando, porque tá todo mundo acostumado, desde sempre, com o trabalho presencial e síncrono. Então, há cem anos atrás, quando as pessoas iam para o trabalho, elas precisavam estar lá porque as máquinas, os equipamentos e até mesmo os clientes estavam naquele lugar. E aí participar, realizar o trabalho presencialmente, naquele período específico de tempo, de horas de um dia, fazia todo sentido.

Mas a gente viu que com o passar dos anos a tecnologia melhorou, evoluiu e a gente começou a perceber que novos modelos de negócio, que poderiam acontecer na prática de forma muito diferente do tradicional, também começaram a moldar a maneira como as pessoas poderiam trabalhar.

Então quando a gente fala de empresas de tecnologia, por exemplo, como o Granatum, a gente sabe que as pessoas podem fazer o trabalho de qualquer parte, de qualquer lugar que elas estejam, basta que elas tenham acesso a internet e um computador e elas podem trabalhar executando suas atividades de forma remota.

Então o trabalho de programação, de design né, muitas vezes já acontecia na WebGoal, nos primórdios do Granatum, de forma remota, porque realmente, como o Flávio colocou, algumas pessoas já trabalhavam em outras cidades. E a gente percebeu que um outro passo importante que a gente deu foi mudar o trabalho de síncrono, que é aquele que deve acontecer com todo mundo ao mesmo tempo, no mesmo período de tempo, para um trabalho assíncrono, ou seja, as pessoas podem trabalhar em momentos diferentes, elas não precisam estar conectadas ao mesmo tempo ou conversando ao mesmo tempo.

Elas podem escrever as tarefas que estão realizando, as atividades para que uma outra pessoa, num outro momento possa ler, entender e continuar o trabalho dali. Então essa separação do momento que o trabalho acontece para sua continuidade, ela não precisa ser mais síncrona, ou seja, ao mesmo tempo, com duas pessoas realizando o trabalho naquele instante. Esse trabalho pode acontecer distribuído no tempo, de forma assíncrona.

E aí pra que isso seja útil, viável né, a gente precisa registrar todo trabalho que tá acontecendo, o passo a passo das atividades, organizar as agendas, para que o trabalho possa ser coordenado de uma forma diferente daquela que era presencial, que era no face a face né, conversando com a pessoa, olhando, convivendo ao lado dela, pra poder organizar a comunicação e as atividades.

E aí a gente tem algumas coisas que mudam bastante nesse paradigma, a primeira é que a pessoa tem que pensar bastante pra escrever, tem que fazer um registro muito fidedigno do que tá realizando, das dificuldades que tá enfrentando e saber discutir de uma forma um pouco mais textual, porque as pessoas né vão acabar consumindo em momentos diferentes. É claro que elas podem usar áudio, podem usar vídeo para melhorar essa comunicação assim, mas o fato é que ela não precisa acontecer no mesmo instante, é essa é uma aposta muito grande na autonomia das pessoas, porque isso gera uma responsabilidade diferente que traz uma contrapartida do que o Flávio mencionou agora a pouco, que é permitir que cada pessoa adeque, faça a adequação do próprio trabalho a sua rotina de vida.

Então se eu tenho alguma rotina de manhã e o outro tem uma rotina mais à tarde a gente consegue equilibrar essas diferenças na vida pessoal usando uma forma de trabalho que permite essa adaptação para que as coisas aconteçam em tempos diferentes. Isso é um respeito profundo ao ser humano, não é?

A gente tá muito acostumado do trabalho se impor sobre as pessoas nos momentos que o trabalho quer, do jeito que o trabalho acha que é melhor e o que a gente tá vendo no modelo remoto e assíncrono é o contrário, permitir que as pessoas possam trabalhar do melhor jeito que elas conseguirem, de acordo com a sua disponibilidade e com a sua forma de contribuição.

Então a gente aposta profundamente nas pessoas. No lugar de impor um padrão de trabalho tradicional e esperar que todo mundo reaja do mesmo jeito porque sempre o trabalho foi dessa maneira.

Flávio Logullo

Exatamente. Eu fico muito empolgado de falar disso porque, você falou tudo né, a respeito ao ser humano, é quase que a natureza, a gente já opera assim né, a gente tem as dinâmicas e historicamente as pessoas vestem uma fantasia pra ir trabalhar, como se os problemas dela não delas não acontecessem, como se os filhos delas não adoecem e é responsabilidade da mãe que tem que ficar em casa, você percebe, a gente faz uma crítica sistêmica né, gigantesca quando a gente opera no modelo de respeito ao ser humano e das suas individualidades.

Porque, ah não, depois que a Mari teve filho ficou muito ruim pra nós aqui, esse diálogo ele não pode acontecer. Então, eu tô muito empolgado com esse momento do Granatum e eu tô tentando nas empresas né, instituir e ajudar a trazer esse modelo porque, ele é de fato muito produtivo e a gente traz um outro significado à produtividade.

Produtivo, até bem pouco tempo atrás, até antes da gente trazer esse modelo pro Granatum, ainda era visto dentro do Granatum por algumas pessoas do time mesmo e isso não é uma crítica às pessoas, mas é uma crítica sistêmica, porque a gente foi exposto a maior parte do tempo para esse modelo de trabalho né que é sempre, eu preciso estar presente, ah lá, olha lá, ele chegou atrasado. A gente discute o atraso e a gente não discute o problema no modelo tradicional e isso não faz sentido nenhum.

Isso estressa as pessoas, isso não agrega valor ao negócio. Então esse modelo ele me empolga muito porque a gente consegue mexer em vários vários pontos de uma matriz imensa de variáveis que é a produção de valor coletivo, que a gente tá falando de empresa, de uma empresa, a produção de valor coletivo. Então a gente conseguiu usar todas as potencialidades dos indivíduos em seus melhores momentos, é a coisa mais poderosa que a gente pode fazer.

E mais uma vez, eu entendo que nós aqui dentro, a gente tá olhando e apostando num modelo que é inevitavelmente, será o modelo do futuro do trabalho, porque já tá acontecendo. Se a gente olha pras transformações das IAs, se a gente olha pra epidemia de saúde, de problema de saúde mental que a gente tá vivendo, óbvio que a gente vai chegar um em um momento que vai ter que dizer chega. E eu entendo que esse modelo que a gente tá adotando, vai muito de encontro com esse momento de dizer chega.

E aí queria voltar e pegar um gancho que você falou aí Matheus sobre escrever. Então como funciona, que tá funcionando aqui dentro do Granatum? Então o remoto é o remoto cada um tá no seu canto, cada um tá no seu espaço e esse é um desafio, quero falar um pouco mais pra frente sobre isso. Mas o assíncrono, o assíncrono a gente usa uma ferramenta e aí assumir que nós somos 100% remotos obrigou a gente a buscar ferramentas que se adequassem 100% a essa nova realidade.

E a assincronicidade vem pra ajudar a gente a escolher essa ferramenta. Então hoje a gente usa uma ferramenta onde mesmo que esses encontros aqui aconteçam né, então a gente continua tendo encontros, alguns encontros é onde a gente faz calls com ligações, com os nossos pares ali, mas toda a ligação gera um conhecimento dentro dessa nossa ferramenta que a gente se comunica ali.

Então, aconteceu um fenômeno muito interessante que sempre foi o nosso sonho né, de nós, sócios, onde a autonomia seja de fato praticada e para autonomia acontecer a gente precisa conhecer o contexto, conhecer a nós mesmos e conhecer os nossos pares.

E quando a gente tem um repositório de conhecimento como o nosso ali. A gente usa o Basecamp, tem que falar sobre o Basecamp né, a gente usa o Basecamp que é a ferramenta para centralizar toda informação. A gente pode até falar como a gente usa em outro episódio aí Mari, olha só, mas com esse conhecimento todo ali a gente permite que a atuação das pessoas seja em rede real.

Então, eu tô falando sobre o atendimento e uma pessoa que trabalha no BPO do Granatum é capaz de, a seu tempo, porque pensa na rotina do BPO que tá ali lidando com o cliente e tratando de tarefas operacionais dos negócios e tal, e não é naquele momento que a discussão nasce que ele vai responder, mas ele em seu tempo pode chegar ali ou ter uma ideia do que que tá acontecendo. Falar "poxa o cliente resolveu esse problema desse jeito, eu também posso resolver" ou contribuir. Olha já passei por esse problema e você pode sugerir pro cliente resolver desse outro jeito.

E assim, trezentos e sessenta graus então, eu tô achando maravilhoso que o time de atendimento tá contribuindo com o desenvolvimento de produto, que o time de produto tá puxando o BPO e o administrativo também fazendo pitches né, escrevendo melhorias pro produto. Isso sim é atuar em rede. Eu acho que esse é o grande ganho que a gente teve nesse último período.

Pra mim foram os seis melhores meses do Granatum, foram esses últimos seis meses porque apesar de ser muito desafiador, eu falei que eu ia falar sobre o desafio da distância. A gente gosta de tá próximo, a gente ainda se encontra, a gente ainda tem o escritório, em alguns momentos a gente vai lá só que sem a obrigatoriedade de ir, é muito diferente.

Então a gente não tira do nosso dia produtivo um dia que vai ter reunião ou uma reunião onde a gente ouve vinte pessoas e na terceira a gente já esqueceu o que que a primeira falou. Isso não é produção de valor, isso não é gerar conhecimento e se nós somos trabalhadores do conhecimento a gente precisa atuar como uma escola, como uma universalidade de produção de conhecimento e isso tá acontecendo aqui, tá sendo muito bom.

Matheus Haddad

Bom é, eu acho que pra complementar aqui as pessoas podem tá pensando né, ah mas então deve ser muito mais fácil trabalhar no Granatum, deve ser um dia a dia tranquilo, porque não tem que ir lá, o chefe não tá olhando, não tá vigiando a gente, não é? Como é que vocês lidam com isso?

Esse é um outro ponto importante é, criar todo esse ambiente, ajudar as pessoas a desenvolver autonomia e com ela a responsabilidade de trabalhar dessa forma. Traz ganho não só pro negócio mas pras próprias pessoas e é por isso que as pessoas continuam retribuindo com a sua dedicação, porque elas se sentem respeitadas e elas se sentem parte de uma coisa que elas estão ajudando a construir, ao invés de serem simplesmente mandadas né ou controladas a fazer um trabalho.

Então esse aspecto é muito interessante porque, tá tão enraizado na nossa cabeça essa mudança do estilo de trabalho, que pra muitas pessoas pode parecer impossível, não é? Nós mesmos no Ateliê de Software, no Granatum, na WebGoal, antes da pandemia, achávamos essencial o trabalho presencial, a gente tinha uma cultura presencial, porque a gente acreditava que era importante tá todo dia junto pra poder produzir coisas inovadoras, para ter uma comunicação mais eficiente, até a comunicação não verbal, aquela que só acontece quando a gente observa as pessoas trabalhando.

E a pandemia nos ensinou que na verdade era muito melhor trabalhar de forma remota né. Forçados pela pandemia a trabalhar cada um de sua própria casa, a gente conseguiu em pouco tempo, dado a cultura que a gente já tinha e o nosso estilo de gestão, organizar o nosso trabalho remotamente, com equipes mais autônomas e uma comunicação um pouco mais assíncrona do que a gente fazia no escritório.

E isso levou a gente a explorar novas possibilidades. Como essa aqui né, que tá acontecendo no Granatum, de utilizar um modelo de trabalho totalmente remoto e assíncrono dado às experiências e as experimentações que a gente teve durante a pandemia. Então isso possibilitou um salto muito grande na nossa percepção de como o trabalho deveria acontecer.

Então não fique limitado às suas percepções né. Às vezes é uma mudança simples que te leva pra um lugar muito melhor e você só precisa experimentar.

Mariana Prado

É isso e já são mais de seis meses experimentando essa liberdade de trabalho que a gente nunca tinha vivido antes e que a gente ainda tá descobrindo o que que a gente faz com essa tal liberdade né? Em como a gente ajusta a nossa rotina, em como a gente mantém o alinhamento, em como a gente continua se sentindo próximo mesmo com essa distância de tempo e de espaço às vezes.

Fazer algo novo é isso, desafia mas também é inspirador.

Se você ouviu a gente até aqui, conta pra gente o que que a sua empresa tem feito de diferente por aí. E compartilhar esse episódio com quem também quer ter mais liberdade na agenda!

A gente se vê no próximo episódio de Código Granatum. Até lá!