GranatumCast | Temporada 2
Código Granatum | Temporada 1
Código Granatum | Temporada 1
#10
Sócio é problema. Tem certeza?
Sócio é problema. Tem certeza?
Temas Relacionados ao Episódio
Temas Relacionados ao Episódio
Sociedade que dá certo
Confiança, admiração mútua e ética como base — não é pensar igual, é comprometer-se com o que importa.
Conflito como motor de crescimento
Desacordos tratados com franqueza fortalecem a relação e aumentam a capacidade de enfrentar desafios maiores.
Papéis complementares
Descobrir onde cada sócio contribui melhor (técnico, produto, comercial etc.) faz o negócio responder e crescer.
Combinados e transparência
Rituais, regras claras e abertura para “invadir o campo do outro” com feedback — sem soberba, sem melindres.
Ego fora da mesa
Decisões guiadas pelo negócio e pelos clientes, não por vaidades; erro vira insumo de aprendizado coletivo.
Ritmo e governança
Conversas semanais sobre os negócios, alinhamento entre áreas e autonomia na operação (“dividir para conquistar”).
Teste do tempo
Pergunta recorrente: “Eu começaria um novo negócio com esses sócios hoje?” — se a resposta é sim, a sociedade está no caminho certo.
Lado humano importa
Cuidar das relações pessoais, falar de vida e propósito: vínculo forte para sustentar decisões difíceis.
Holding e novos negócios
A maturidade da sociedade viabiliza expandir: da WebGoal ao Granatum, Ateliê de Software e Escola — impacto que sozinho seria improvável.
Transcrição do Episódio
Mariana Prado
Você está ouvindo Código Granatum, conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente.
E chegamos ao décimo episódio do Código Granatum! E eu quero começar agradecendo a todo mundo que vem acompanhando a gente até aqui. Desde o começo a gente falou sobre a nossa cultura, sobre a história do Granatum, do grupo WebGoal, criado lá em 2008. Passamos por temas como tecnologia, autonomia, time enxuto, trabalho remoto, comunicação assíncrona e ainda tem muita coisa pra falar.
Um elemento que tá sempre subentendido nas histórias e que sustenta a nossa cultura é o grupo de sócios do Granatum e da WebGoal: Altieres Lopes, Jeff Albuquerque e, quem tá sempre aqui com a gente e vocês já conhecem, Flávio Logullo e Matheus Haddad.
Quatro sócios, quatro jeitos de pensar e mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, tudo vai muito bem. Queria ouvir aí do Floz e do Matheus: como que é pra vocês empreender em quatro sócios e o que que vocês diriam pra quem acha que sociedade sempre dá problema?
Flávio Logullo
Essa máxima talvez seja verdade né, em muitos casos. Sugeri esse esse tema porque eu tava a pouco tempo atrás eu fiz, é como de costume eu ando por aí né, em empresas de amigos, converso com o mercado de uma maneira geral e, curiosamente, eu ouvi de mais de um empreendedor, nossa pelo amor de Deus como que você aguenta ter três sócios? Nossa é muito ruim ter sócio, é ruim não sei o que.
É uma coisa interessante de se pensar porque, de fato, no começo de eu acho que de todo negócio e toda relação, ela não foi simples né, até a gente se conhecer, a gente entender, a história ela começa antes da gente fundar o WebGoal. A gente trabalhou junto, fomos colegas de trabalho os quatro e a gente se conhecia sob um outro contexto, com outras responsabilidades, entendendo os outros papéis que cada um tinha dentro da organização. E realmente quando a gente começa a sociedade, a gente precisa aprender a lidar uns com os outros e entender qual é o espaço onde cada um ocupa um melhor espaço. Eu acho que esse é o segredo.
No começo de tudo foi, a gente também teve, discussões muito acaloradas né, que é são aquelas discussões de equalizar mesmo as energias, as ideias, entender como cada um funciona e qual a expectativa. E cada um dos passos que a gente deu dentro da WebGoal, levou muito em consideração esse entendimento. Claro que a gente amadureceu né.
Então a gente tá desde 2008 juntos, então até antes né, 2008 é quando a gente consolidou uma empresa. Mas a gente passou um tempo discutindo antes, se entendendo antes, discutindo antes, quebrando a cabeça de como é que a gente poderia fazer o negócio do jeito que a gente tem hoje, os negócios do jeito que a gente tem hoje. E eu me sinto muito feliz de ter conseguido se manter né, principalmente nessa fase mais conturbada.
Então aqui já vai uma primeira dica pra quem está empreendendo começando o negócio agora e achando que essas primeiras batalhas com o sócio são as que vão definir todo o futuro.
Se a gente não tivesse sido bastante resiliente nas ideias, nas discussões e separado muito bem o que era uma discussão construtiva e o que era o nosso próprio ego, eu acredito que a gente teria caído nesse limbo onde a maioria das empresas e dos negócios que nascem com o sócio e vem essas frases aí, pelo amor de Deus, não quero nunca mais ver meu sócio, meu sócio é fogo, não quero ter um negócio com sócio, a gente poderia ter caído nesse limbo e hoje estaríamos separados ali. Mas eu fico muito feliz de que a gente tenha conseguido de alguma forma manter, entender que tudo que foi feito no começo, onde foi um um momento mais crítico, desemboca, e aí eu tô falando nesse começo, é bem no começo mesmo né, e desemboca nesse lugar onde a gente tá hoje. Onde é tudo muito direto, as conversas são muito transparentes, a gente consegue ter um alinhamento muito bom e graças a Deus que os sócios existem porque, interessante que a percepção de uma figura de sócio sobre o negócio é muito diferente mesmo.
E aí você tem três tipos de visão né, a sua visão enquanto participante do negócio, a sua visão enquanto sócio e a sua visão enquanto empreendedor, que eu costumo dizer que apesar dos sócios que eu tenho, eu ainda sinto que empreender é uma jornada muito solitária, porque você é um indivíduo, você tá dentro daquele coletivo, vestindo diversos chapéus, mas é uma tarefa muito muito solitária. E eu digo que, pelo menos no meu ponto de vista e pra minha experiência, ter esses sócios comigo, com essas visões tão diferentes é o que me mantém muito no prumo para conseguir contribuir e pra conseguir tocar o Granatum do jeito que a gente toca hoje.
Matheus Haddad
Nós começamos essa sociedade no momento das nossas vidas que éramos muito novos né, hoje eu fico pensando aqui, 26, 27 anos será que é muito novo né porque a gente vai ficando velho, mas eu acho que a gente tinha uma percepção do mundo ainda muito diferente em relação ao que a gente tem hoje. Então era uma aposta de qualquer forma né.
A gente tava ali juntos pra poder criar um negócio e também sobreviver né, porque era uma questão pra gente importante, pra gente conseguir se manter na vida pessoal né, dentro das nossas famílias, que o negócio desse certo, que a gente tivesse algum tipo de retorno financeiro porque senão a gente teria que voltar pro mercado de trabalho e conseguir um trabalho em alguma outra empresa.
Então eu acho que no começo, ali no começo de uma sociedade, o que é muito determinante é que exista uma relação de confiança e às vezes é uma confiança que vai até um pouco além né, é uma a gente tem que ter fé que o outro sócio vai ser bom, que o outro sócio vai conseguir agir bem, que talvez ele não esteja agindo bem nesse momento, mas daqui a pouco ele vai conseguir enxergar um jeito melhor de atuar e de contribuir, de contribuir pro negócio.
Porque no início a gente não conhece direito as pessoas, a gente ainda não passou por provas né ou por situações muito difíceis que mostraram verdadeiramente o caráter, a personalidade de cada um que tá fazendo parte daquela sociedade, então é uma questão de confiança e fé muito grande no início. E é também, por isso, uma questão de paciência né, porque às vezes as coisas não acontecem como a gente gostaria ou na velocidade que a gente gostaria. E aí você entende que não é você que tem que chegar sozinho né, mas é você com seus sócios. Então você precisa ir junto com eles nessa jornada. Às vezes, uns sócios estão dois, três passos à frente, o outro sócio tá dois, três passos atrás, e a gente precisa conciliar esse tempo, esse momento de cada um para que a gente consiga dar conta da complexidade que o negócio tem e de lidar com os riscos que estão envolvidos que são inerentes esse tipo de atividade.
Então eu acho que no começo, ter confiança, fé, paciência foram assim ingredientes primordiais. E a esperança né, de que tudo ia dar certo, que as coisas iam se resolver e a gente ia conseguir chegar numa situação, como empreendedores e empresários, que fosse financeiramente positiva ou que causasse um impacto no mercado que satisfizesse a gente né, enquanto o propósito, por exemplo, de cada um ali como profissional. Eu acho que esses são ingredientes importantes.
Depois disso, o que eu vi acontecer dentro da WebGoal e na relação que eu tenho com Flávio, com Jefferson e com o Altieres, é descobrir como cada um pode atuar melhor em conjunto. Então quando a gente começou a WebGoal, a gente começou como um time de desenvolvimento, desenvolvendo software, tecnologia né, e todo mundo ali queria fazer de tudo um pouco, porque todo mundo queria que as coisas dessem certo né. Então apesar de cada um de nós termos perfis diferentes de atuação profissional, uns são melhores tecnicamente, os outros são melhores em uma área e outros são melhores na parte comercial. A gente demorou um pouco pra descobrir isso na convivência. Então a fé e a paciência foram importantes no início, mas depois que a gente descobriu isso e cada um pode atuar melhor nessas áreas, a gente percebeu que o negócio respondeu também a esse conhecimento, e aí ele cresceu, ele evoluiu né. A WebGoal se tornou uma holding, a gente criou o Granatum, a gente criou o Ateliê de Software, a escola, porque isso foi um reflexo desse amadurecimento.
Hoje a gente sabe que nenhum dos sócios fará uma coisa pra destruir o negócio né, que todo mundo tá agindo ali com uma intenção positiva, mesmo quando toma uma decisão, é uma decisão ruim, e aí a gente sempre tenta conversar e sempre tenta descobrir uma forma de, em conjunto, recuperar o impacto que de repente um erro causou ou de contribuir junto para que uma nova oportunidade seja aproveitada de uma forma mais eficiente né. E é uma dança, e é uma dança né? O importante é que a gente sabe que, toda vez que a gente discute sobre os negócios, a gente também conversa sobre a gente, as nossas vidas, o que a gente tá gostando de fazer. Eu acho que não perder esse lado humano e pessoal também é um ingrediente secreto que eu, particularmente, descobri aí durante todos esses anos.
Flávio Logullo
E uma coisa que eu acho que é bastante importante pra gente lembrar também, é que essas relações né, e aí chegar nesse lugar onde a gente se sente confortável e quase que uma necessidade de compartilhar o que que é a nossa vida, mesmo entre nós quatro assim, vem muito de pequenas construções ao longo do tempo, pequenos combinados que a gente faz ao longo do tempo. E sempre muita transparência. Então no começo existia aquele medo de falar né, aquele orgulho também ao ouvir uma crítica e a medida que a gente vai caminhando e entendendo um ao outro e entendendo essas críticas, a gente vai construindo esses laços fortes demais. Então não tem como.
E aí eu entendo algumas sociedades que eu conversei aí, nos últimos tempos, elas já nasceram de um lugar onde as pessoas elas não só não se confiavam né, não tinha essa confiança mútua como é, e também não tinha uma certa admiração pelas características, pelas habilidades do outro. E isso vai muito em encontro a cultura que a gente encontra comumente nas empresas, e que existia também no começo da WebGoal, que é essa soberba do sócio de achar que ele tá com a razão as decisões dele vão ser as mais acertadas. Isso transcendia quando a gente senta num board né, numa mesa de decisões entre os sócios, a primeira coisa que precisa cair por terra é essa característica, é esse orgulho que não leva em absolutamente lugar nenhum e não constrói também.
E eu sinto muito isso nos negócios. Então se eu pudesse dar um conselho pra quem tem sócio é se desarmar, principalmente quando você está sentado junto com o seu sócio, conversando, entendendo o negócio e até recebendo as suas críticas ali. Porque hoje a gente se distribui entre os negócios. Então a gente senta semanalmente para conversar sobre todos os negócios, tá todo mundo ligado em todos os negócios, mas na operação a gente se dividiu para conquistar. E eu confio que o melhor tá sendo feito nos outros negócios, por quem está à frente daqueles negócios. A mesma coisa eu sinto que também há confiança.
Ao mesmo tempo eu preciso que críticas, conselhos, apontamentos positivos e negativos, eles aconteçam e também porque foi assim que a gente conseguiu se dividir, foi assim que a gente conseguiu entender os espaços e construir essa relação tão sólida que a gente tem.
Então se você tem sócio ou se você tá pensando em ter sócios aí a primeira coisa que é necessário é de fazer esse alinhamento sobre invadir meu campo, fique à vontade pra invadir meu campo, eu vou invadir também o seu campo. Invadir né, o campo é nosso, mas eu vou invadir esse lugar onde você tem um certo orgulho, onde você tem uma certa resistência de construção ou de receber o feedback, ou de receber uma crítica se desarme disso, porque o final é muito positivo.
E é interessante porque os conflitos entre os sócios acontecem num momento, num lugar onde alguém falou alguma coisa que a outra pessoa não gostou ou apontou alguma atividade, ou deu alguma sugestão, enfim fez alguma consideração que deixou o outro desconfortável. Esses conflitos, por mais que eles aconteçam, eles deveriam ser resistentes a esses momentos porque, querendo ou não, quem recebeu ali aquela crítica ou aquele comentário ou aquele apontamento desconfortável, vai pensar naquilo. Então pense, se aproprie desse lugar desconfortável e siga construindo com a outra pessoa. Foi assim que aconteceu aqui e eu atribuo muito, a tudo que acontece nos nossos negócios, há esse lugar desconfortável. Até hoje a gente sente a tensão né, o climão no ar assim, mas hoje com um nível de maturidade muito grande pra conseguir se apropriar disso e construir algo muito melhor. Vale a pena.
Matheus Haddad
Eu acho que o segredo não é evitar o conflito, como a gente sempre ouve aí né, como sendo uma boa prática. Ah você tem que ter uma boa relação, não pode ter conflitos, porque se tiver conflitos pode azedar o negócio, e aí a sociedade pode chegar ao fim. E a gente sempre viu o conflito como uma oportunidade de desenvolvimento.
A gente já superou conflitos difíceis, situações críticas assim, mas com a confiança que, olha se a gente for capaz de juntos discutir sobre esse assunto, sobre esse problema, sobre esse desafio e conseguir superar esses conflitos que existem aqui nas nossas relações, a respeito desse tema, a gente pode chegar do outro lado muito mais forte né, muito mais preparado, muito mais amadurecido para lidar não só com essa situação que a gente tá enfrentando mas também com as próximas.
E isso foi uma verdade. Quando o negócio começa, a gente não tem situações tão críticas em relação a quando ele já está maior ou mais estruturado, envolvendo mais pessoas. Então saber lidar com os conflitos desde o início é super importante para fazer o negócio crescer de maneira sustentável, porque senão, depois que o negócio tem uma certa amplitude, qualquer conflito pode pôr tudo a perder. Então é importante essa capacidade de lidar com conflitos entre os sócios. Ela aumenta da mesma maneira ou na mesma proporção que o negócio aumenta, porque as coisas vão aumentar de criticidade e é preciso saber lidar com essas diferenças de impacto e de tamanho dos conflitos que podem acontecer.
Na nossa relação aqui na WebGoal e no Granatum, a gente sempre soube lidar, como o Flávio colocou bem aí, com os conflitos que a gente viveu né e foram em inúmeros. Talvez hoje a gente fale com essa tranquilidade ou consiga fazer um podcast sobre esse assunto, porque realmente a gente já vivenciou tanta coisa junto e já superou tanta coisa junto que a gente tem a confiança, a certeza que se aparecer alguma coisa mais crítica pela frente a gente também vai superar juntos, como a gente fez no passado. Então eu acho que apesar de não ser uma certeza né, a gente tem hoje uma segurança, uma autoconfiança maior pra poder encarar o que vier pela frente. Eu acho que esse é um resultado de uma sociedade sadia, que se desenvolveu durante o tempo.
É um teste que eu sempre faço comigo mesmo né e a resposta tem sido afirmativa, é a cada mais ou menos três, quatro, cinco anos eu me pergunto né, se fosse hoje eu começaria um negócio novo com esses sócios? E aí a resposta é sim. E a gente veio criando novos negócios durante esses anos todos e a WebGoal se tornou uma holding. Então esse também é o indicativo para que você valide, em relação às sociedades que você mantém, se elas estão valendo a pena, se vocês estão conseguindo, como sócios, alcançar um resultado que sozinhos nenhum de vocês conseguiria. Por isso que vocês se uniram né, por isso que a gente é sócio, pra gente conseguir criar um impacto ou ter um retorno financeiro de um negócio, que individualmente seria muito mais difícil. Então hoje eu sou muito feliz com a minha sociedade e espero que todos consigam trilhar um caminho semelhante ao nosso, para que vocês possam alcançar os resultados que desejam aí pros seus negócios.
Mariana Prado
É muito legal ouvir vocês falando sobre sociedade, porque pra quem tá aqui, convivendo, vendo os negócios, vendo o crescimento da empresa como todo, a gente tem essa confiança e a gente tem essa inspiração de que os conflitos eles podem ser superados, de que existe fé entre as pessoas que estão ali convivendo umas com as outras. Então acho que é muito legal pra quem tá aqui no time também.
Obrigada por compartilharem um pouquinho dessa trajetória e dessa jornada. E a gente vê que ser sócio não é sobre pensar igual, é sobre ter um compromisso com o que importa é que as diferenças elas vão se complementar né. Não vai ser mágica que vai sustentar essa relação, não vai ser sorte, vão ser combinados claros, vai ser a ética nas relações e esse desejo muito sincero de construir algo que vai além de olhar pra um propósito maior que sustenta isso.
Se você gostou, já compartilhe esse episódio com os seus sócios ou com quem você sonha em construir uma parceria e aproveita para comentar o que você quer ouvir nos nossos próximos episódios!
Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir.
Mariana Prado
Você está ouvindo Código Granatum, conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente.
E chegamos ao décimo episódio do Código Granatum! E eu quero começar agradecendo a todo mundo que vem acompanhando a gente até aqui. Desde o começo a gente falou sobre a nossa cultura, sobre a história do Granatum, do grupo WebGoal, criado lá em 2008. Passamos por temas como tecnologia, autonomia, time enxuto, trabalho remoto, comunicação assíncrona e ainda tem muita coisa pra falar.
Um elemento que tá sempre subentendido nas histórias e que sustenta a nossa cultura é o grupo de sócios do Granatum e da WebGoal: Altieres Lopes, Jeff Albuquerque e, quem tá sempre aqui com a gente e vocês já conhecem, Flávio Logullo e Matheus Haddad.
Quatro sócios, quatro jeitos de pensar e mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, tudo vai muito bem. Queria ouvir aí do Floz e do Matheus: como que é pra vocês empreender em quatro sócios e o que que vocês diriam pra quem acha que sociedade sempre dá problema?
Flávio Logullo
Essa máxima talvez seja verdade né, em muitos casos. Sugeri esse esse tema porque eu tava a pouco tempo atrás eu fiz, é como de costume eu ando por aí né, em empresas de amigos, converso com o mercado de uma maneira geral e, curiosamente, eu ouvi de mais de um empreendedor, nossa pelo amor de Deus como que você aguenta ter três sócios? Nossa é muito ruim ter sócio, é ruim não sei o que.
É uma coisa interessante de se pensar porque, de fato, no começo de eu acho que de todo negócio e toda relação, ela não foi simples né, até a gente se conhecer, a gente entender, a história ela começa antes da gente fundar o WebGoal. A gente trabalhou junto, fomos colegas de trabalho os quatro e a gente se conhecia sob um outro contexto, com outras responsabilidades, entendendo os outros papéis que cada um tinha dentro da organização. E realmente quando a gente começa a sociedade, a gente precisa aprender a lidar uns com os outros e entender qual é o espaço onde cada um ocupa um melhor espaço. Eu acho que esse é o segredo.
No começo de tudo foi, a gente também teve, discussões muito acaloradas né, que é são aquelas discussões de equalizar mesmo as energias, as ideias, entender como cada um funciona e qual a expectativa. E cada um dos passos que a gente deu dentro da WebGoal, levou muito em consideração esse entendimento. Claro que a gente amadureceu né.
Então a gente tá desde 2008 juntos, então até antes né, 2008 é quando a gente consolidou uma empresa. Mas a gente passou um tempo discutindo antes, se entendendo antes, discutindo antes, quebrando a cabeça de como é que a gente poderia fazer o negócio do jeito que a gente tem hoje, os negócios do jeito que a gente tem hoje. E eu me sinto muito feliz de ter conseguido se manter né, principalmente nessa fase mais conturbada.
Então aqui já vai uma primeira dica pra quem está empreendendo começando o negócio agora e achando que essas primeiras batalhas com o sócio são as que vão definir todo o futuro.
Se a gente não tivesse sido bastante resiliente nas ideias, nas discussões e separado muito bem o que era uma discussão construtiva e o que era o nosso próprio ego, eu acredito que a gente teria caído nesse limbo onde a maioria das empresas e dos negócios que nascem com o sócio e vem essas frases aí, pelo amor de Deus, não quero nunca mais ver meu sócio, meu sócio é fogo, não quero ter um negócio com sócio, a gente poderia ter caído nesse limbo e hoje estaríamos separados ali. Mas eu fico muito feliz de que a gente tenha conseguido de alguma forma manter, entender que tudo que foi feito no começo, onde foi um um momento mais crítico, desemboca, e aí eu tô falando nesse começo, é bem no começo mesmo né, e desemboca nesse lugar onde a gente tá hoje. Onde é tudo muito direto, as conversas são muito transparentes, a gente consegue ter um alinhamento muito bom e graças a Deus que os sócios existem porque, interessante que a percepção de uma figura de sócio sobre o negócio é muito diferente mesmo.
E aí você tem três tipos de visão né, a sua visão enquanto participante do negócio, a sua visão enquanto sócio e a sua visão enquanto empreendedor, que eu costumo dizer que apesar dos sócios que eu tenho, eu ainda sinto que empreender é uma jornada muito solitária, porque você é um indivíduo, você tá dentro daquele coletivo, vestindo diversos chapéus, mas é uma tarefa muito muito solitária. E eu digo que, pelo menos no meu ponto de vista e pra minha experiência, ter esses sócios comigo, com essas visões tão diferentes é o que me mantém muito no prumo para conseguir contribuir e pra conseguir tocar o Granatum do jeito que a gente toca hoje.
Matheus Haddad
Nós começamos essa sociedade no momento das nossas vidas que éramos muito novos né, hoje eu fico pensando aqui, 26, 27 anos será que é muito novo né porque a gente vai ficando velho, mas eu acho que a gente tinha uma percepção do mundo ainda muito diferente em relação ao que a gente tem hoje. Então era uma aposta de qualquer forma né.
A gente tava ali juntos pra poder criar um negócio e também sobreviver né, porque era uma questão pra gente importante, pra gente conseguir se manter na vida pessoal né, dentro das nossas famílias, que o negócio desse certo, que a gente tivesse algum tipo de retorno financeiro porque senão a gente teria que voltar pro mercado de trabalho e conseguir um trabalho em alguma outra empresa.
Então eu acho que no começo, ali no começo de uma sociedade, o que é muito determinante é que exista uma relação de confiança e às vezes é uma confiança que vai até um pouco além né, é uma a gente tem que ter fé que o outro sócio vai ser bom, que o outro sócio vai conseguir agir bem, que talvez ele não esteja agindo bem nesse momento, mas daqui a pouco ele vai conseguir enxergar um jeito melhor de atuar e de contribuir, de contribuir pro negócio.
Porque no início a gente não conhece direito as pessoas, a gente ainda não passou por provas né ou por situações muito difíceis que mostraram verdadeiramente o caráter, a personalidade de cada um que tá fazendo parte daquela sociedade, então é uma questão de confiança e fé muito grande no início. E é também, por isso, uma questão de paciência né, porque às vezes as coisas não acontecem como a gente gostaria ou na velocidade que a gente gostaria. E aí você entende que não é você que tem que chegar sozinho né, mas é você com seus sócios. Então você precisa ir junto com eles nessa jornada. Às vezes, uns sócios estão dois, três passos à frente, o outro sócio tá dois, três passos atrás, e a gente precisa conciliar esse tempo, esse momento de cada um para que a gente consiga dar conta da complexidade que o negócio tem e de lidar com os riscos que estão envolvidos que são inerentes esse tipo de atividade.
Então eu acho que no começo, ter confiança, fé, paciência foram assim ingredientes primordiais. E a esperança né, de que tudo ia dar certo, que as coisas iam se resolver e a gente ia conseguir chegar numa situação, como empreendedores e empresários, que fosse financeiramente positiva ou que causasse um impacto no mercado que satisfizesse a gente né, enquanto o propósito, por exemplo, de cada um ali como profissional. Eu acho que esses são ingredientes importantes.
Depois disso, o que eu vi acontecer dentro da WebGoal e na relação que eu tenho com Flávio, com Jefferson e com o Altieres, é descobrir como cada um pode atuar melhor em conjunto. Então quando a gente começou a WebGoal, a gente começou como um time de desenvolvimento, desenvolvendo software, tecnologia né, e todo mundo ali queria fazer de tudo um pouco, porque todo mundo queria que as coisas dessem certo né. Então apesar de cada um de nós termos perfis diferentes de atuação profissional, uns são melhores tecnicamente, os outros são melhores em uma área e outros são melhores na parte comercial. A gente demorou um pouco pra descobrir isso na convivência. Então a fé e a paciência foram importantes no início, mas depois que a gente descobriu isso e cada um pode atuar melhor nessas áreas, a gente percebeu que o negócio respondeu também a esse conhecimento, e aí ele cresceu, ele evoluiu né. A WebGoal se tornou uma holding, a gente criou o Granatum, a gente criou o Ateliê de Software, a escola, porque isso foi um reflexo desse amadurecimento.
Hoje a gente sabe que nenhum dos sócios fará uma coisa pra destruir o negócio né, que todo mundo tá agindo ali com uma intenção positiva, mesmo quando toma uma decisão, é uma decisão ruim, e aí a gente sempre tenta conversar e sempre tenta descobrir uma forma de, em conjunto, recuperar o impacto que de repente um erro causou ou de contribuir junto para que uma nova oportunidade seja aproveitada de uma forma mais eficiente né. E é uma dança, e é uma dança né? O importante é que a gente sabe que, toda vez que a gente discute sobre os negócios, a gente também conversa sobre a gente, as nossas vidas, o que a gente tá gostando de fazer. Eu acho que não perder esse lado humano e pessoal também é um ingrediente secreto que eu, particularmente, descobri aí durante todos esses anos.
Flávio Logullo
E uma coisa que eu acho que é bastante importante pra gente lembrar também, é que essas relações né, e aí chegar nesse lugar onde a gente se sente confortável e quase que uma necessidade de compartilhar o que que é a nossa vida, mesmo entre nós quatro assim, vem muito de pequenas construções ao longo do tempo, pequenos combinados que a gente faz ao longo do tempo. E sempre muita transparência. Então no começo existia aquele medo de falar né, aquele orgulho também ao ouvir uma crítica e a medida que a gente vai caminhando e entendendo um ao outro e entendendo essas críticas, a gente vai construindo esses laços fortes demais. Então não tem como.
E aí eu entendo algumas sociedades que eu conversei aí, nos últimos tempos, elas já nasceram de um lugar onde as pessoas elas não só não se confiavam né, não tinha essa confiança mútua como é, e também não tinha uma certa admiração pelas características, pelas habilidades do outro. E isso vai muito em encontro a cultura que a gente encontra comumente nas empresas, e que existia também no começo da WebGoal, que é essa soberba do sócio de achar que ele tá com a razão as decisões dele vão ser as mais acertadas. Isso transcendia quando a gente senta num board né, numa mesa de decisões entre os sócios, a primeira coisa que precisa cair por terra é essa característica, é esse orgulho que não leva em absolutamente lugar nenhum e não constrói também.
E eu sinto muito isso nos negócios. Então se eu pudesse dar um conselho pra quem tem sócio é se desarmar, principalmente quando você está sentado junto com o seu sócio, conversando, entendendo o negócio e até recebendo as suas críticas ali. Porque hoje a gente se distribui entre os negócios. Então a gente senta semanalmente para conversar sobre todos os negócios, tá todo mundo ligado em todos os negócios, mas na operação a gente se dividiu para conquistar. E eu confio que o melhor tá sendo feito nos outros negócios, por quem está à frente daqueles negócios. A mesma coisa eu sinto que também há confiança.
Ao mesmo tempo eu preciso que críticas, conselhos, apontamentos positivos e negativos, eles aconteçam e também porque foi assim que a gente conseguiu se dividir, foi assim que a gente conseguiu entender os espaços e construir essa relação tão sólida que a gente tem.
Então se você tem sócio ou se você tá pensando em ter sócios aí a primeira coisa que é necessário é de fazer esse alinhamento sobre invadir meu campo, fique à vontade pra invadir meu campo, eu vou invadir também o seu campo. Invadir né, o campo é nosso, mas eu vou invadir esse lugar onde você tem um certo orgulho, onde você tem uma certa resistência de construção ou de receber o feedback, ou de receber uma crítica se desarme disso, porque o final é muito positivo.
E é interessante porque os conflitos entre os sócios acontecem num momento, num lugar onde alguém falou alguma coisa que a outra pessoa não gostou ou apontou alguma atividade, ou deu alguma sugestão, enfim fez alguma consideração que deixou o outro desconfortável. Esses conflitos, por mais que eles aconteçam, eles deveriam ser resistentes a esses momentos porque, querendo ou não, quem recebeu ali aquela crítica ou aquele comentário ou aquele apontamento desconfortável, vai pensar naquilo. Então pense, se aproprie desse lugar desconfortável e siga construindo com a outra pessoa. Foi assim que aconteceu aqui e eu atribuo muito, a tudo que acontece nos nossos negócios, há esse lugar desconfortável. Até hoje a gente sente a tensão né, o climão no ar assim, mas hoje com um nível de maturidade muito grande pra conseguir se apropriar disso e construir algo muito melhor. Vale a pena.
Matheus Haddad
Eu acho que o segredo não é evitar o conflito, como a gente sempre ouve aí né, como sendo uma boa prática. Ah você tem que ter uma boa relação, não pode ter conflitos, porque se tiver conflitos pode azedar o negócio, e aí a sociedade pode chegar ao fim. E a gente sempre viu o conflito como uma oportunidade de desenvolvimento.
A gente já superou conflitos difíceis, situações críticas assim, mas com a confiança que, olha se a gente for capaz de juntos discutir sobre esse assunto, sobre esse problema, sobre esse desafio e conseguir superar esses conflitos que existem aqui nas nossas relações, a respeito desse tema, a gente pode chegar do outro lado muito mais forte né, muito mais preparado, muito mais amadurecido para lidar não só com essa situação que a gente tá enfrentando mas também com as próximas.
E isso foi uma verdade. Quando o negócio começa, a gente não tem situações tão críticas em relação a quando ele já está maior ou mais estruturado, envolvendo mais pessoas. Então saber lidar com os conflitos desde o início é super importante para fazer o negócio crescer de maneira sustentável, porque senão, depois que o negócio tem uma certa amplitude, qualquer conflito pode pôr tudo a perder. Então é importante essa capacidade de lidar com conflitos entre os sócios. Ela aumenta da mesma maneira ou na mesma proporção que o negócio aumenta, porque as coisas vão aumentar de criticidade e é preciso saber lidar com essas diferenças de impacto e de tamanho dos conflitos que podem acontecer.
Na nossa relação aqui na WebGoal e no Granatum, a gente sempre soube lidar, como o Flávio colocou bem aí, com os conflitos que a gente viveu né e foram em inúmeros. Talvez hoje a gente fale com essa tranquilidade ou consiga fazer um podcast sobre esse assunto, porque realmente a gente já vivenciou tanta coisa junto e já superou tanta coisa junto que a gente tem a confiança, a certeza que se aparecer alguma coisa mais crítica pela frente a gente também vai superar juntos, como a gente fez no passado. Então eu acho que apesar de não ser uma certeza né, a gente tem hoje uma segurança, uma autoconfiança maior pra poder encarar o que vier pela frente. Eu acho que esse é um resultado de uma sociedade sadia, que se desenvolveu durante o tempo.
É um teste que eu sempre faço comigo mesmo né e a resposta tem sido afirmativa, é a cada mais ou menos três, quatro, cinco anos eu me pergunto né, se fosse hoje eu começaria um negócio novo com esses sócios? E aí a resposta é sim. E a gente veio criando novos negócios durante esses anos todos e a WebGoal se tornou uma holding. Então esse também é o indicativo para que você valide, em relação às sociedades que você mantém, se elas estão valendo a pena, se vocês estão conseguindo, como sócios, alcançar um resultado que sozinhos nenhum de vocês conseguiria. Por isso que vocês se uniram né, por isso que a gente é sócio, pra gente conseguir criar um impacto ou ter um retorno financeiro de um negócio, que individualmente seria muito mais difícil. Então hoje eu sou muito feliz com a minha sociedade e espero que todos consigam trilhar um caminho semelhante ao nosso, para que vocês possam alcançar os resultados que desejam aí pros seus negócios.
Mariana Prado
É muito legal ouvir vocês falando sobre sociedade, porque pra quem tá aqui, convivendo, vendo os negócios, vendo o crescimento da empresa como todo, a gente tem essa confiança e a gente tem essa inspiração de que os conflitos eles podem ser superados, de que existe fé entre as pessoas que estão ali convivendo umas com as outras. Então acho que é muito legal pra quem tá aqui no time também.
Obrigada por compartilharem um pouquinho dessa trajetória e dessa jornada. E a gente vê que ser sócio não é sobre pensar igual, é sobre ter um compromisso com o que importa é que as diferenças elas vão se complementar né. Não vai ser mágica que vai sustentar essa relação, não vai ser sorte, vão ser combinados claros, vai ser a ética nas relações e esse desejo muito sincero de construir algo que vai além de olhar pra um propósito maior que sustenta isso.
Se você gostou, já compartilhe esse episódio com os seus sócios ou com quem você sonha em construir uma parceria e aproveita para comentar o que você quer ouvir nos nossos próximos episódios!
Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir.
Mariana Prado
Você está ouvindo Código Granatum, conversas diretas sobre tecnologia, cultura e um caixa saudável. Eu sou Mari Prado do time de sucesso do cliente.
E chegamos ao décimo episódio do Código Granatum! E eu quero começar agradecendo a todo mundo que vem acompanhando a gente até aqui. Desde o começo a gente falou sobre a nossa cultura, sobre a história do Granatum, do grupo WebGoal, criado lá em 2008. Passamos por temas como tecnologia, autonomia, time enxuto, trabalho remoto, comunicação assíncrona e ainda tem muita coisa pra falar.
Um elemento que tá sempre subentendido nas histórias e que sustenta a nossa cultura é o grupo de sócios do Granatum e da WebGoal: Altieres Lopes, Jeff Albuquerque e, quem tá sempre aqui com a gente e vocês já conhecem, Flávio Logullo e Matheus Haddad.
Quatro sócios, quatro jeitos de pensar e mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, tudo vai muito bem. Queria ouvir aí do Floz e do Matheus: como que é pra vocês empreender em quatro sócios e o que que vocês diriam pra quem acha que sociedade sempre dá problema?
Flávio Logullo
Essa máxima talvez seja verdade né, em muitos casos. Sugeri esse esse tema porque eu tava a pouco tempo atrás eu fiz, é como de costume eu ando por aí né, em empresas de amigos, converso com o mercado de uma maneira geral e, curiosamente, eu ouvi de mais de um empreendedor, nossa pelo amor de Deus como que você aguenta ter três sócios? Nossa é muito ruim ter sócio, é ruim não sei o que.
É uma coisa interessante de se pensar porque, de fato, no começo de eu acho que de todo negócio e toda relação, ela não foi simples né, até a gente se conhecer, a gente entender, a história ela começa antes da gente fundar o WebGoal. A gente trabalhou junto, fomos colegas de trabalho os quatro e a gente se conhecia sob um outro contexto, com outras responsabilidades, entendendo os outros papéis que cada um tinha dentro da organização. E realmente quando a gente começa a sociedade, a gente precisa aprender a lidar uns com os outros e entender qual é o espaço onde cada um ocupa um melhor espaço. Eu acho que esse é o segredo.
No começo de tudo foi, a gente também teve, discussões muito acaloradas né, que é são aquelas discussões de equalizar mesmo as energias, as ideias, entender como cada um funciona e qual a expectativa. E cada um dos passos que a gente deu dentro da WebGoal, levou muito em consideração esse entendimento. Claro que a gente amadureceu né.
Então a gente tá desde 2008 juntos, então até antes né, 2008 é quando a gente consolidou uma empresa. Mas a gente passou um tempo discutindo antes, se entendendo antes, discutindo antes, quebrando a cabeça de como é que a gente poderia fazer o negócio do jeito que a gente tem hoje, os negócios do jeito que a gente tem hoje. E eu me sinto muito feliz de ter conseguido se manter né, principalmente nessa fase mais conturbada.
Então aqui já vai uma primeira dica pra quem está empreendendo começando o negócio agora e achando que essas primeiras batalhas com o sócio são as que vão definir todo o futuro.
Se a gente não tivesse sido bastante resiliente nas ideias, nas discussões e separado muito bem o que era uma discussão construtiva e o que era o nosso próprio ego, eu acredito que a gente teria caído nesse limbo onde a maioria das empresas e dos negócios que nascem com o sócio e vem essas frases aí, pelo amor de Deus, não quero nunca mais ver meu sócio, meu sócio é fogo, não quero ter um negócio com sócio, a gente poderia ter caído nesse limbo e hoje estaríamos separados ali. Mas eu fico muito feliz de que a gente tenha conseguido de alguma forma manter, entender que tudo que foi feito no começo, onde foi um um momento mais crítico, desemboca, e aí eu tô falando nesse começo, é bem no começo mesmo né, e desemboca nesse lugar onde a gente tá hoje. Onde é tudo muito direto, as conversas são muito transparentes, a gente consegue ter um alinhamento muito bom e graças a Deus que os sócios existem porque, interessante que a percepção de uma figura de sócio sobre o negócio é muito diferente mesmo.
E aí você tem três tipos de visão né, a sua visão enquanto participante do negócio, a sua visão enquanto sócio e a sua visão enquanto empreendedor, que eu costumo dizer que apesar dos sócios que eu tenho, eu ainda sinto que empreender é uma jornada muito solitária, porque você é um indivíduo, você tá dentro daquele coletivo, vestindo diversos chapéus, mas é uma tarefa muito muito solitária. E eu digo que, pelo menos no meu ponto de vista e pra minha experiência, ter esses sócios comigo, com essas visões tão diferentes é o que me mantém muito no prumo para conseguir contribuir e pra conseguir tocar o Granatum do jeito que a gente toca hoje.
Matheus Haddad
Nós começamos essa sociedade no momento das nossas vidas que éramos muito novos né, hoje eu fico pensando aqui, 26, 27 anos será que é muito novo né porque a gente vai ficando velho, mas eu acho que a gente tinha uma percepção do mundo ainda muito diferente em relação ao que a gente tem hoje. Então era uma aposta de qualquer forma né.
A gente tava ali juntos pra poder criar um negócio e também sobreviver né, porque era uma questão pra gente importante, pra gente conseguir se manter na vida pessoal né, dentro das nossas famílias, que o negócio desse certo, que a gente tivesse algum tipo de retorno financeiro porque senão a gente teria que voltar pro mercado de trabalho e conseguir um trabalho em alguma outra empresa.
Então eu acho que no começo, ali no começo de uma sociedade, o que é muito determinante é que exista uma relação de confiança e às vezes é uma confiança que vai até um pouco além né, é uma a gente tem que ter fé que o outro sócio vai ser bom, que o outro sócio vai conseguir agir bem, que talvez ele não esteja agindo bem nesse momento, mas daqui a pouco ele vai conseguir enxergar um jeito melhor de atuar e de contribuir, de contribuir pro negócio.
Porque no início a gente não conhece direito as pessoas, a gente ainda não passou por provas né ou por situações muito difíceis que mostraram verdadeiramente o caráter, a personalidade de cada um que tá fazendo parte daquela sociedade, então é uma questão de confiança e fé muito grande no início. E é também, por isso, uma questão de paciência né, porque às vezes as coisas não acontecem como a gente gostaria ou na velocidade que a gente gostaria. E aí você entende que não é você que tem que chegar sozinho né, mas é você com seus sócios. Então você precisa ir junto com eles nessa jornada. Às vezes, uns sócios estão dois, três passos à frente, o outro sócio tá dois, três passos atrás, e a gente precisa conciliar esse tempo, esse momento de cada um para que a gente consiga dar conta da complexidade que o negócio tem e de lidar com os riscos que estão envolvidos que são inerentes esse tipo de atividade.
Então eu acho que no começo, ter confiança, fé, paciência foram assim ingredientes primordiais. E a esperança né, de que tudo ia dar certo, que as coisas iam se resolver e a gente ia conseguir chegar numa situação, como empreendedores e empresários, que fosse financeiramente positiva ou que causasse um impacto no mercado que satisfizesse a gente né, enquanto o propósito, por exemplo, de cada um ali como profissional. Eu acho que esses são ingredientes importantes.
Depois disso, o que eu vi acontecer dentro da WebGoal e na relação que eu tenho com Flávio, com Jefferson e com o Altieres, é descobrir como cada um pode atuar melhor em conjunto. Então quando a gente começou a WebGoal, a gente começou como um time de desenvolvimento, desenvolvendo software, tecnologia né, e todo mundo ali queria fazer de tudo um pouco, porque todo mundo queria que as coisas dessem certo né. Então apesar de cada um de nós termos perfis diferentes de atuação profissional, uns são melhores tecnicamente, os outros são melhores em uma área e outros são melhores na parte comercial. A gente demorou um pouco pra descobrir isso na convivência. Então a fé e a paciência foram importantes no início, mas depois que a gente descobriu isso e cada um pode atuar melhor nessas áreas, a gente percebeu que o negócio respondeu também a esse conhecimento, e aí ele cresceu, ele evoluiu né. A WebGoal se tornou uma holding, a gente criou o Granatum, a gente criou o Ateliê de Software, a escola, porque isso foi um reflexo desse amadurecimento.
Hoje a gente sabe que nenhum dos sócios fará uma coisa pra destruir o negócio né, que todo mundo tá agindo ali com uma intenção positiva, mesmo quando toma uma decisão, é uma decisão ruim, e aí a gente sempre tenta conversar e sempre tenta descobrir uma forma de, em conjunto, recuperar o impacto que de repente um erro causou ou de contribuir junto para que uma nova oportunidade seja aproveitada de uma forma mais eficiente né. E é uma dança, e é uma dança né? O importante é que a gente sabe que, toda vez que a gente discute sobre os negócios, a gente também conversa sobre a gente, as nossas vidas, o que a gente tá gostando de fazer. Eu acho que não perder esse lado humano e pessoal também é um ingrediente secreto que eu, particularmente, descobri aí durante todos esses anos.
Flávio Logullo
E uma coisa que eu acho que é bastante importante pra gente lembrar também, é que essas relações né, e aí chegar nesse lugar onde a gente se sente confortável e quase que uma necessidade de compartilhar o que que é a nossa vida, mesmo entre nós quatro assim, vem muito de pequenas construções ao longo do tempo, pequenos combinados que a gente faz ao longo do tempo. E sempre muita transparência. Então no começo existia aquele medo de falar né, aquele orgulho também ao ouvir uma crítica e a medida que a gente vai caminhando e entendendo um ao outro e entendendo essas críticas, a gente vai construindo esses laços fortes demais. Então não tem como.
E aí eu entendo algumas sociedades que eu conversei aí, nos últimos tempos, elas já nasceram de um lugar onde as pessoas elas não só não se confiavam né, não tinha essa confiança mútua como é, e também não tinha uma certa admiração pelas características, pelas habilidades do outro. E isso vai muito em encontro a cultura que a gente encontra comumente nas empresas, e que existia também no começo da WebGoal, que é essa soberba do sócio de achar que ele tá com a razão as decisões dele vão ser as mais acertadas. Isso transcendia quando a gente senta num board né, numa mesa de decisões entre os sócios, a primeira coisa que precisa cair por terra é essa característica, é esse orgulho que não leva em absolutamente lugar nenhum e não constrói também.
E eu sinto muito isso nos negócios. Então se eu pudesse dar um conselho pra quem tem sócio é se desarmar, principalmente quando você está sentado junto com o seu sócio, conversando, entendendo o negócio e até recebendo as suas críticas ali. Porque hoje a gente se distribui entre os negócios. Então a gente senta semanalmente para conversar sobre todos os negócios, tá todo mundo ligado em todos os negócios, mas na operação a gente se dividiu para conquistar. E eu confio que o melhor tá sendo feito nos outros negócios, por quem está à frente daqueles negócios. A mesma coisa eu sinto que também há confiança.
Ao mesmo tempo eu preciso que críticas, conselhos, apontamentos positivos e negativos, eles aconteçam e também porque foi assim que a gente conseguiu se dividir, foi assim que a gente conseguiu entender os espaços e construir essa relação tão sólida que a gente tem.
Então se você tem sócio ou se você tá pensando em ter sócios aí a primeira coisa que é necessário é de fazer esse alinhamento sobre invadir meu campo, fique à vontade pra invadir meu campo, eu vou invadir também o seu campo. Invadir né, o campo é nosso, mas eu vou invadir esse lugar onde você tem um certo orgulho, onde você tem uma certa resistência de construção ou de receber o feedback, ou de receber uma crítica se desarme disso, porque o final é muito positivo.
E é interessante porque os conflitos entre os sócios acontecem num momento, num lugar onde alguém falou alguma coisa que a outra pessoa não gostou ou apontou alguma atividade, ou deu alguma sugestão, enfim fez alguma consideração que deixou o outro desconfortável. Esses conflitos, por mais que eles aconteçam, eles deveriam ser resistentes a esses momentos porque, querendo ou não, quem recebeu ali aquela crítica ou aquele comentário ou aquele apontamento desconfortável, vai pensar naquilo. Então pense, se aproprie desse lugar desconfortável e siga construindo com a outra pessoa. Foi assim que aconteceu aqui e eu atribuo muito, a tudo que acontece nos nossos negócios, há esse lugar desconfortável. Até hoje a gente sente a tensão né, o climão no ar assim, mas hoje com um nível de maturidade muito grande pra conseguir se apropriar disso e construir algo muito melhor. Vale a pena.
Matheus Haddad
Eu acho que o segredo não é evitar o conflito, como a gente sempre ouve aí né, como sendo uma boa prática. Ah você tem que ter uma boa relação, não pode ter conflitos, porque se tiver conflitos pode azedar o negócio, e aí a sociedade pode chegar ao fim. E a gente sempre viu o conflito como uma oportunidade de desenvolvimento.
A gente já superou conflitos difíceis, situações críticas assim, mas com a confiança que, olha se a gente for capaz de juntos discutir sobre esse assunto, sobre esse problema, sobre esse desafio e conseguir superar esses conflitos que existem aqui nas nossas relações, a respeito desse tema, a gente pode chegar do outro lado muito mais forte né, muito mais preparado, muito mais amadurecido para lidar não só com essa situação que a gente tá enfrentando mas também com as próximas.
E isso foi uma verdade. Quando o negócio começa, a gente não tem situações tão críticas em relação a quando ele já está maior ou mais estruturado, envolvendo mais pessoas. Então saber lidar com os conflitos desde o início é super importante para fazer o negócio crescer de maneira sustentável, porque senão, depois que o negócio tem uma certa amplitude, qualquer conflito pode pôr tudo a perder. Então é importante essa capacidade de lidar com conflitos entre os sócios. Ela aumenta da mesma maneira ou na mesma proporção que o negócio aumenta, porque as coisas vão aumentar de criticidade e é preciso saber lidar com essas diferenças de impacto e de tamanho dos conflitos que podem acontecer.
Na nossa relação aqui na WebGoal e no Granatum, a gente sempre soube lidar, como o Flávio colocou bem aí, com os conflitos que a gente viveu né e foram em inúmeros. Talvez hoje a gente fale com essa tranquilidade ou consiga fazer um podcast sobre esse assunto, porque realmente a gente já vivenciou tanta coisa junto e já superou tanta coisa junto que a gente tem a confiança, a certeza que se aparecer alguma coisa mais crítica pela frente a gente também vai superar juntos, como a gente fez no passado. Então eu acho que apesar de não ser uma certeza né, a gente tem hoje uma segurança, uma autoconfiança maior pra poder encarar o que vier pela frente. Eu acho que esse é um resultado de uma sociedade sadia, que se desenvolveu durante o tempo.
É um teste que eu sempre faço comigo mesmo né e a resposta tem sido afirmativa, é a cada mais ou menos três, quatro, cinco anos eu me pergunto né, se fosse hoje eu começaria um negócio novo com esses sócios? E aí a resposta é sim. E a gente veio criando novos negócios durante esses anos todos e a WebGoal se tornou uma holding. Então esse também é o indicativo para que você valide, em relação às sociedades que você mantém, se elas estão valendo a pena, se vocês estão conseguindo, como sócios, alcançar um resultado que sozinhos nenhum de vocês conseguiria. Por isso que vocês se uniram né, por isso que a gente é sócio, pra gente conseguir criar um impacto ou ter um retorno financeiro de um negócio, que individualmente seria muito mais difícil. Então hoje eu sou muito feliz com a minha sociedade e espero que todos consigam trilhar um caminho semelhante ao nosso, para que vocês possam alcançar os resultados que desejam aí pros seus negócios.
Mariana Prado
É muito legal ouvir vocês falando sobre sociedade, porque pra quem tá aqui, convivendo, vendo os negócios, vendo o crescimento da empresa como todo, a gente tem essa confiança e a gente tem essa inspiração de que os conflitos eles podem ser superados, de que existe fé entre as pessoas que estão ali convivendo umas com as outras. Então acho que é muito legal pra quem tá aqui no time também.
Obrigada por compartilharem um pouquinho dessa trajetória e dessa jornada. E a gente vê que ser sócio não é sobre pensar igual, é sobre ter um compromisso com o que importa é que as diferenças elas vão se complementar né. Não vai ser mágica que vai sustentar essa relação, não vai ser sorte, vão ser combinados claros, vai ser a ética nas relações e esse desejo muito sincero de construir algo que vai além de olhar pra um propósito maior que sustenta isso.
Se você gostou, já compartilhe esse episódio com os seus sócios ou com quem você sonha em construir uma parceria e aproveita para comentar o que você quer ouvir nos nossos próximos episódios!
Esse foi mais um Código Granatum. Obrigada por ouvir.